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Uma escola para computadores

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h51 - Publicado em 24 fev 2010, 22h00

João Vito Cinquepalmi

É o que Jeff Hawkins criou com a Numenta, a empresa que fundou. Nela, máquinas aprendem como crianças a reconhecer cada objeto e barulho ao redor. Pra ficarem inteligentes, claro – tão inteligentes quanto o cérebro humano. Segundo Hawkins, criador do Palm e do Treo, isso fará os computadores dirigir nossos carros no futuro. Ou mesmo diagnosticar nossas doenças.

Como alguém pode dar aulas a uma máquina?

Nós, da Numenta, queremos que um software funcione e raciocine como um cérebro. Então o que precisamos é fazê-lo aprender do mesmo jeito que nós, humanos. Pra isso, damos ao computador visão e audição, com scanners, microfones e câmeras. Aos poucos, apresentamos sons e imagens à máquina, igualzinho a pais educando um filho.

Qual o resultado disso?

O computador apreende as informações e passa a reconhecer as coisas do mundo. Já conseguimos fazer um software detectar pessoas em um vídeo, por exemplo. Até então, era um problemão para um computador distinguir objetos que se movem. Ele também já consegue reconhecer a voz de uma pessoa depois que a captamos e a jogamos no computador.

Mas daí para o computador “pensar”…

Um computador comum recebe dados, mas não distingue um do outro. Toda a memória tem o mesmo valor pra ele. Já o software “inteligente” hierarquiza os dados, como o cérebro. O nosso cérebro decide sozinho o que é importante lembrar ou não, graças a várias áreas dedicadas a avaliar a importância emocional de diferentes situações. Se você passa mal depois de comer, seu cérebro se lembrará da refeição. Se nada tiver acontecido, o momento será logo esquecido. A diferença com o computador é que nós dizemos a ele o que deve ser retido na memória.

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Essa hierarquização ajudará em quê?

Teremos máquinas que tiram conclusões. Elas vão absorver dados e analisá-los em busca de padrões, para prever o que aquilo significa. Isso vai mudar muitas das atividades que temos hoje no dia a dia.

Por exemplo?

Você não precisará mais digirigir seu carro – o veículo fará tudo sozinho, graças a sensores. Ele vai saber como está o trânsito na rua e onde pode andar. Os computadores também farão muitas tarefas que atualmente exigem profissionais especializados.

Que profissionais?

Meteorologistas e médicos, pra começar. O computador vai ver o movimento das nuvens e do vento, medir a temperatura – dependendo das condições climáticas, ele conseguirá prever o tempo sozinho. E não precisaremos de médicos para fazer diagnósticos. O software vai ver o resultado de um exame e dizer que células estão em lugares errados do corpo. Não precisaremos mais de biópsias para confirmar um tumor.

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Por que um empresário de tecnologia começou a estudar neurociência?

Sempre quis estudar o cérebro, mas uma carreira nessa área parecia difícil no fim dos anos 70. Fui para a computação por achar que conseguiria recursos para pesquisas neurocientíficas. Esse caminho alternativo acabou ganhando muita importância para mim, mas a verdade é que nunca deixei de pensar sobre o cérebro.

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