Usar GPS para orientação “desliga” áreas do cérebro, diz estudo
Regiões estão ligadas à memória, planejamento e tomada de decisão
Em eras longínquas, as pessoas sabiam de cor o nome de ruas e o melhor trajeto para qualquer canto da cidade. O conhecimento que hoje vive recluso à cabeça dos taxistas foi transferido quase que por completo aos auxiliares de navegação via satélite – o mais famoso deles, o Sistema de Posicionamento Global (GPS). E essa mudança modifica fortemente nossa capacidade cognitiva para localização. Segundo uma pesquisa inglesa, quando utilizamos o serviço do GPS para nos locomover é como se “desligássemos” algumas áreas de nosso cérebro.
Os pesquisadores analisaram o cérebro de 24 voluntários, colocados em um simulador de navegação que recriava a vizinhança de Soho, bairro da região central de Londres. Eles tinham de chegar a um destino pré-determinado, se locomovendo pelas 26 ruas da área no menor caminho possível. A análise buscava monitorar o comportamento do hipocampo, região do cérebro associada à memória e localização, e do córtex pré-frontal, ligado ao planejamento e tomada de decisão.
Enquanto “dirigiam” pela cidade sem a ajuda do GPS, os participantes mantinham um número muito maior de funções cerebrais. Eram registrados picos de atividade quando eles entravam em novas ruas, bem como quando se deparavam com várias opções de caminhos. Da mesma maneira, áreas ligadas ao planejamento eram acionadas quando precisavam reorientar a rota. Quando auxiliados por serviços de localização, no entanto, as mesmas regiões permaneciam sem atividade.
“Quando a tecnologia diz para você onde ir, essas partes do cérebro simplesmente não respondem aos estímulos da cidade. É como se nosso cérebro desligasse o interesse nas ruas à volta”, disse Hugo Spiers, que liderou a pesquisa, ao jornal britânico The Guardian. Os resultados foram publicados na revista centífica Nature.