Tato: Superficial, eu?
Com apenas 5 milímetros de espessura, a pele é de uma profundidade assombrosa, abrigando as mais complexas e vitais sensações.
Carlos Dias
Ela é uma roupa sem igual. Cai bem em grandalhões ou nanicos, gordos ou magros. São 2 metros quadrados de tecido humano da melhor qualidade. Versátil, aquece no frio e refresca no calor. Veste perfeitamente em qualquer ocasião, formal ou informal. Olhando, ninguém diz que pesa mais de 4 quilos. Seus mais de 5 milhões de sensores captam os estímulos mais sutis. E ainda acham que ela é superficial. Se alguém pedir a você para listar as dez partes mais importantes do corpo, dificilmente estará entre elas. Na verdade, a pele é uma injustiçada.
Por incrível que possa parecer, a pele é o maior órgão do corpo humano. Abriga as sensações e o único dos cinco sentidos absolutamente vital para a sobrevivência: o tato. Você morreria se não conseguisse diferenciar, pelo toque, o óleo quente da água fria. Se não existisse a dor, você comeria a própria língua junto com as refeições, sem notar. E talvez só percebesse que pisou num prego muito tempo depois, quando o ferimento já tivesse infeccionado.
Como toda roupa, a pele não só protege o corpo, como também confere a ele estilo e beleza. A embalagem perfeita da vida é também o espelho do que acontece dentro de você. Revela o estado de saúde, a idade e até mesmo – pelas marcas de expressão – o sofrimento psíquico que tenta se esconder. De superficial, ela não tem nada.
O recado da pele
Em todas as épocas e culturas, a humanidade tem usado a superfície do corpo como suporte para a expressão, por meio de desenhos, tinturas e inscrições. A pele é uma mídia. Veja alguns exemplos
Tatuagem – Opção que depende da influência da moda e do desejo de identificação grupal
Protesto – Mensagem política usada em ato pelo impeachment de Collor, em 1992
Festa – A pintura corporal faz parte dos rituais dos índios, como os camaiurás, do Parque Indígena do Xingu
Rito de passagem – Estudante comemora a entrada na universidade