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6. Punhos de aço

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h48 - Publicado em 1 fev 2013, 22h00

Carolina Cimenti

O soco de uma polegada do monge é mais potente que um carro batendo a 50 km/h

Superpoder – O soco mais potente do mundo

Utilidade – Quebrar ossos e até causar paradas cardíacas em inimigos com apenas um soco

Frequência – 1/1.000.000

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Com 48 anos e 1,60 m, o chinês Shi Yan Ming precisa de menos de 3 centímetros para quebrar os ossos, deformar o rosto ou causar uma parada cardíaca em seu oponente. Nessa distância, ele consegue obter velocidade e força suficientes para dar um soco que teria o mesmo impacto de um carro batendo a 50 quilômetros por hora. Quem vê esse pequeno chinês caminhando pelas ruas de Nova York com roupas ocidentais não imagina que se trate de um monge guerreiro do famoso Templo de Shaolin, no nordeste da China. E muito menos que o soco produzido por ele seja considerado um dos mais mortais de todo o mundo.

“Eu me preparei a vida inteira para os grandes perigos de Nova York”, diz Shi Yan Ming a SUPER. “Mas, desde que cheguei aqui, nunca tive oportunidade de viver o meu momento de herói. Nada de ruim aconteceu perto de mim”, afirma.

Apesar da falta de ação pelas ruas da cidade americana, o monge guerreiro não tem do que reclamar. A história da sua vida parece um filme de Bruce Lee, o ator que disseminou a paixão pelas artes marciais nos filmes de Hollywood.

Ming nasceu no dia do ano-novo chinês em 1964, o ano do Dragão, um sinal de sorte na cultura asiática. Mas, ao completar 2 anos, o garoto ficou muito doente, e nenhum médico da região conseguiu descobrir qual era o problema. Depois de gastarem quase todo o dinheiro que tinham em dezenas de tratamentos que não surtiram resultado, seus pais já estavam preparados para o pior. Um dia o garoto amanheceu com o corpo todo frio e sem abrir os olhos. O casal, desesperado com a suposta morte do pequeno, decidiu enrolar o filho num cobertor para leva-lo até a floresta, onde o enterrariam, pois não tinham dinheiro suficiente para pagar um funeral.

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Enquanto caminhavam, os pais do menino foram interrompidos por um curandeiro, que quis examiná-lo ali mesmo, no meio da estrada. Sem muitas esperanças, o casal deixou que o homem aplicasse agulhas de acupuntura no corpo de Ming. Depois disso, sem nenhuma explicação, o garoto melhorou. E, quando completou 5 anos, seus pais decidiram levá-lo ao Templo de Shaolin com a esperança de que os monges guerreiros o educassem. Como era o meio da Revolução Cultural, e Mao Tsé-Tung havia proibido toda e qualquer religião, nenhum dos monges usavam roupas budistas laranja e longas barbas brancas, como se vê nos filmes. Na realidade, o templo estava um pouco destruído e o exército de Mao saqueava seguidamente, diz Ming.

Mesmo assim, o monge chefe do templo, Shi Xing Zheng, o aceitou. “Não tive que demonstrar conhecimento algum, nem mesmo de kung fu. Assim que o mestre colocou os olhos em mim, ele viu que eu seria um bom guerreiro”, diz. Naquele período, o templo abrigava somente 17 monges, a maior parte deles com mais de 70 anos. O grupo aceitou Shi Yan Ming e passou a ensinar a ele kung fu e acupuntura diariamente.

A vida corria no templo chinês de um jeito muito semelhante ao treinamento dado à personagem de Uma Thurman no filme Kill Bill, de Quentin Tarantino. Ming era obrigado a levantar da tábua onde dormia às 4h30 para treinar kung fu. Às 6h30, os monges tomavam café da manhã, normalmente queijo do tipo tofu e verduras, e às 8h30 voltavam a treinar. Eles só faziam pausas para meditar e almoçar às 11h30, e, para jantar, às 17h30. O resto do tempo dos monges era exclusivamente dedicado aos ensinamentos e treinos

Como estudante no Templo de Shaolin, Ming aprendeu lições básicas, como destruir tijolos com golpes de cabeça, entortar lâminas de ferro com as próprias mãos, dormir pendurado em uma árvore de cabeça para baixo e carregar pedras de até 25 quilos – não nas mãos, mas penduradas em seus testículos -, tudo em busca da força, do equilíbrio e do autocontrole. Quando Ming foi aos Estados Unidos, em 1992, com um grupo de monges para fazer apresentações sobre a arte do kung fu, decidiu ficar por lá. Assim, o homem com punhos de aço se transformou no primeiro monge guerreiro da história do templo chinês a desertar. “Eu sou extremamente grato aos meus mestres, mas chegou um momento em que senti que fazia mais sentido para mim dividir esses ensinamentos com outras pessoas do que continuar confinado no templo”, diz.

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Assim que se estabeleceu nos Estados Unidos, Shi Yan Ming abriu uma escola de kung fu na região do SoHo, em Nova York, e depois do sucesso em terras americanas, anos depois, uma filial em Viena, na Áustria. Apesar de ter centenas de alunos espalhados pelo mundo, nenhum deles até hoje conseguiu superar o mestre na lição do soco. Mas o que ele tem de tão especial? O murro do chinês é uma espécie de versão avançada do soco de uma polegada, famoso golpe dos filmes de Bruce Lee. Para realizá-lo, o lutador precisa estar bem próximo de seu alvo – menos de 3 centímetros de distância ­- para atingir a força e a velocidade necessárias para o impacto do soco. O movimento dura menos de um segundo, mas o resultado é explosivo.

Porrada de 400 quilos
A professora de bioengenharia da Universidade de Detroit, Cynthia Bir, é especializada em medir o impacto da força em acidentes de carro. Ela trabalha com as fabricantes americanas na realização de testes que verificam se os veículos são seguros para os passageiros. Dois anos atrás, Cynthia teve a oportunidade de medir a força da porrada de Shi Yan Ming. “O soco dele tem uma força de quase 400 quilos. É uma força semelhante aos socos dos lutadores de boxe, porém Ming a produz com muito menos espaço e menos tempo. O braço dele atinge uma velocidade extremamente alta em menos da metade de um segundo”, diz. Cynthia explica que o soco de Ming é 1,7 vez mais forte que o impacto de um acidente de carro a uma velocidade de 50 quilômetros por hora. “Eu nunca vi nada parecido em toda a minha vida”, afirma.

O fato de, até hoje, ninguém ter superado Shi Yan Ming não surpreende Scott Gordon, médico ortopedista diretor da Academia Americana de Ortopedia Cirúrgica. “Ming possui uma habilidade única, que foi formada com anos de treino e uma formação genética especial. Vai ser muito difícil encontrar outro ser humano com a mesma capacidade física, não importa o quanto ele se esforce e treine”, diz. Ming combina três fatores especiais que permitem que ele tenha o soco mais mortal do mundo: uma formação diferenciada de proteínas no corpo, seu controle neurológico também é mais rápido e, por fim, treino, muito treino – e desde menino.

Gordon estima que apenas uma pessoa em 1 milhão carregue uma dessas duas características inatas. Normalmente, são atletas muito bem sucedidos em sua carreira. Duas ao mesmo tempo é ainda mais raro. “Ming, além disso, teve a oportunidade de receber um treinamento extremamente específico e desde muito cedo. Tudo isso construiu um físico capaz de realizar o soco mais mortal do mundo, que é praticamente imbatível”, afirma o especialista.

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Apesar das hipóteses, Shi Yan Ming não acredita nas explicações científicas. Para ele, o importante é encontrar o equilíbrio entre o corpo e a mente. “É a minha força interna, chamada chi, que me ajuda”, diz o monge guerreiro chinês.

As paredes da escola de kung fu estão cobertas de fotos de celebridades que treinam ali. A atriz Meg Ryan, a cantora Björk e o ator Wesley Snipes estão entre eles. O aluno mais jovem de Ming tem menos de 3 anos, e o mais velho, 97. Segundo o mestre, nunca é cedo ou tarde demais para começar a treinar kung fu. “Não é preciso iniciar quebrando tijolos com as mãos. O que importa não são os músculos, mas, sim, o equilíbrio. É aí que está o meu segredo”, afirma.

Genética e treino
Uma combinação improvável é o segredo dos punhos de aço de Shi Yan Ming

Colágeno de sobra

formação das proteínas no corpo do monge guerreiro é diferente das pessoas normais. Ming tem uma concentração maior de uma substância chamada colágeno, aquele mesmo que mantém a pele firme. Isso significa que os músculos do homem com punhos de aço são mais fortes que os de uma pessoa normal. Isso amplia as possibilidades de o murro de Ming ser mais potente que o dos demais – similar apenas aos de lutadores de boxe campeões.

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Nervos de aço

controle neurológico de Ming também é mais rápido, segundo o ortopedista Scott Gordon. O resultado é que a comunicação dos neurônios com os músculos do corpo, principalmente nos braços, é mais precisa e mais rápida. Por isso, o tempo de reação de Ming é menor, conseguindo adquirir mais velocidade em um espaço de tempo mais curto. Assim, naqueles 3 centímetros e menos de um segundo, ele consegue massacrar um inimigo com um só golpe.

Treino kill bill

Nem só do acaso surgiu a potência de Ming. Os 25 anos de treinamento pesado num templo de monges guerreiros foram um diferencial e tanto. Os ossos dos braço e das mãos do super-herói são mais fortes por terem sido exaustivamente forçados – inclusive quando ministra aulas ou faz apresentações. Quanto mais impacto e força uma pessoa coloca em seus ossos, mais maciços eles ficam. Ou seja, se a genética não foi generosa, treinando é possível chegar perto do herói.

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