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Filtro de luz azul para telas não tem eficácia comprovada

É o que sugere uma revisão de 17 estudos, que desaconselha que as pessoas comprem óculos com lentes desse tipo. Entenda por quê.

Por Leo Caparroz
24 abr 2024, 10h00

Nos últimos anos, a chamada “luz azul” emitida por telas ganhou má reputação. Algumas óticas, oftalmologistas e influenciadores passaram a defender que ela seria culpada pelo seu cansaço ao olhar para celulares e computadores, seu sono ruim e danos para sua visão.

A solução? Óculos especiais, que filtrariam esse tipo de luz.

Só tem um problema: essa recomendação não tem embasamento científico suficiente. Os óculos com filtro de luz azul provavelmente não reduzem a fadiga ocular associada ao uso de telas, e seu efeito na melhoria da qualidade do sono e da saúde da retina é incerto.

É isso que afirma um estudo, publicado no ano passado na Cochrane Database of Systematic Reviews. A pesquisa é uma revisão de 17 outros artigos que falam sobre esse tema. Para entendê-la, vamos primeiro definir o que é essa tal de luz azul.

A luz é uma onda eletromagnética e, dependendo de seu comprimento, nosso cérebro percebe ela como uma cor diferente. O comprimento de onda do azul, por exemplo, é considerado curto: está entre 450 e 495 nanômetros. Esse tipo de luz tem frequência maior e carregada mais energia do que o vermelho, por exemplo.

No dia a dia, somos expostos à luz azul não só através das telas de celulares e computadores, mas também, e principalmente, pelo Sol. E isso tem um papel fundamental para o nosso relógio biológico.

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Humanos (e outros seres vivos) funcionam em ciclos de aproximadamente 24 horas. É o famoso ciclo circadiano, cujo principal regulador é o sono. É durante o modo standby que o corpo organiza o metabolismo, recupera tecidos, consolida memórias e processa emoções.

E como sabemos que é hora de dormir? A presença ou ausência de luz azul (no caso, a do Sol) provoca uma dança de hormônios no corpo que, à noite, durante a escuridão, nos deixam com sono e prontos para cair na cama.

Só que luzes fortes, de lâmpadas ou de telas, podem confundir o seu relógio biológico. A luz azul, por exemplo, suprime a melatonina, o hormônio que é produzido ao cair do dia e que induz o sono. A ideia por trás dos bloqueadores de luz azul, então, é impedir essa faixa do espectro de chegar aos seus olhos e, por consequência, protegê-lo de ser enganado.

O único porém é que não existe uma comprovação de que isso realmente funcione. A revisão examinou seis estudos com um total de 148 participantes sobre o efeito dos óculos com filtro de luz azul na qualidade do sono. As descobertas foram inconsistentes: metade deles revelou uma melhora significativa no sono enquanto os outros não relataram nenhuma diferença entre óculos com e sem o tal filtro.

O outro argumento é que essa luz provinda de telas seria a responsável por cansar a vista e deixar os olhos irritados – o que também foi desmentido no artigo.

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Três dos 17 estudos da revisão avaliaram a relação entre lentes contra luz azul e fadiga ocular. Todos eles, com um total combinado de 166 participantes, deram o mesmo resultado: não tinham nenhuma diferença significativa na fadiga visual entre quem usavam lentes com filtro de luz azul em comparação com usuários de lentes normais.

A provável causa do cansaço é pela atenção que a tela exige. Em situações normais, piscamos 15 vezes por minuto. Contudo, quando precisamos nos concentrar em algo, como a tela de um computador ou celular, nossa taxa de piscada diminui para cerca de 5 a 7 por minuto. Como consequência, seus olhos ficam mais secos e irritados.

Lentes com filtro de luz azul provavelmente não reduzem a fadiga ocular que o seu trabalho à frente do computador causa. Também não está claro se essas lentes afetam realmente a qualidade do seu sono ou se previnem danos à retina no longo prazo.

“Os resultados da nossa análise, baseados em dados relativamente limitados, mostram que as evidências são inconclusivas e incertas para estas alegações. Nossas descobertas não apoiam a prescrição de lentes com filtro de luz azul para a população em geral”, afirma Laura Downey, principal autora do estudo. “As pessoas devem estar cientes dessas descobertas ao decidirem comprar esses óculos.”

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