Assine SUPER por R$2,00/semana
Imagem Blog

Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO

Por Bruno Garattoni
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
Continua após publicidade

Cepas híbridas do Sars-CoV-2 estão se propagando entre pessoas

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 7 abr 2021, 15h44 - Publicado em 7 abr 2021, 15h43

Variantes geradas por recombinação genética, em que dois vírus trocam RNA entre si, já circulam em seis países; fenômeno é normal, mas pode acelerar ritmo de mutações

Quando uma pessoa é infectada ao mesmo tempo por duas variantes do novo coronavírus, pode ocorrer recombinação genética: os dois tipos do vírus trocam fragmentos de RNA, dando origem a uma nova cepa híbrida que combina pedaços de ambos. É um processo evolutivo normal, que ocorre com diversos vírus – e foi detectado no Sars-CoV-2 em fevereiro. Em março, cientistas ingleses identificaram mais quatro variantes híbridas, geradas a partir da fusão da cepa B.1.1.7 (descoberta no Reino Unido, mais infecciosa e possivelmente mais letal) com outras. Como as variantes híbridas ainda não foram testadas, não é possível determinar se elas são mais contagiosas ou agressivas. O que já se sabe é que elas estão circulando – e sendo transmitidas de pessoa para pessoa em seis países. 

Isso foi comprovado por dois estudos realizados nos EUA. O primeiro, feito pela Emory University, analisou mais de 500 mil amostras genéticas do Sars-CoV-2 coletadas pelo mundo, e encontrou 1.000 cepas recombinantes – das quais duas estão presentes nos EUA, Reino Unido, Cingapura, Japão, Canadá e Dinamarca. No segundo trabalho, realizado pelo Walter Reed Medical Institute (pertencente ao Exército dos EUA) com 100 mil amostras coletadas pelo mundo, foram detectados oito cepas recombinantes. 

Ao invadir uma célula humana, o coronavírus usa uma enzima chamada “RNA polimerase dependente de RNA” para se replicar. Às vezes essa enzima se desprende da fita de RNA, interrompendo a cópia no meio. Nesse momento, se houver outra variante do Sars-CoV-2 dentro daquela mesma célula (como acontece quando a pessoa é infectada por mais de uma cepa ao mesmo tempo), a enzima pode grudar nela – e retomar a cópia se baseando naquele código genético. É como se você fosse xerocar um documento e durante o processo pausasse e religasse a copiadora, colocando e tirando outro papel. O resultado seria um mosaico dos dois documentos.

É assim que as cepas recombinantes são identificadas: elas apresentam pedaços “colados” de duas outras variantes, como num mosaico. Veja abaixo alguns exemplos:

Continua após a publicidade
gráfico
Cepas híbridas do Sars-CoV-2 identificadas no Reino Unido (itens Group A, B, C e D). Repare como elas combinam trechos da cepa B.1.1.7, destacada na cor azul, com outras (em bege). Os itens inferiores (identificados pelas siglas CAMC, MILK e QEUH) se referem a outras quatro variantes que provavelmente também foram geradas por recombinação genética – mas não é possível afirmar com certeza. (Pre-print/Reprodução)

Diferente do processo de mutação, em que o vírus incorpora uma alteração genética de cada vez, a recombinação permite saltos maiores – pois pode resultar em híbridos com longas sequências alteradas. Ela é, inclusive, uma das possíveis explicações para o surgimento do Sars-CoV-2, que teria se originado da fusão de outros vírus.

As cepas recombinantes não possuem, necessariamente, vantagens evolutivas em relação às variantes “normais”, que acumulam mutações uma a uma. Elas também não são necessariamente mais infecciosas ou agressivas (os dois recombinantes mais comuns, encontrados em seis países, não possuem sequências genéticas associados à maior infectividade ou resistência a vacinas). O risco, por enquanto, está na recombinação em si: se ela ocorrer entre duas cepas mais agressivas ou infectantes, pode gerar um híbrido especialmente nocivo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

A ciência está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por SUPER.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.