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Chilessauro: o ornitorrinco dos dinossauros

Réptil é um híbrido pré-histórico, com características de t-rex e estegossauro – um elo perdido entre grupos de dinos que antes eram considerados distantes

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
16 ago 2017, 16h54

“É um animal sui generis; com a natureza tríplice de peixe, pássaro e quadrúpede, e não é aparentado com nada que nós já tenhamos visto.” É assim que o naturalista britânico Thomas Bewick descreve o então recém-descoberto ornitorrinco em sua obra História Geral dos Quadrúpedes, de 1800 – você pode conhecer melhor a saga do bichinho bicudo aqui.

Duzentos anos depois, a ciência já aprendeu muito mais sobre o mascote australiano. E isso só aumentou a confusão. O animal dá leite, então é mamífero. Mas também põe ovos, como um pássaro ou um réptil, detecta suas presas por meio de sinais elétricos, como um tubarão, e nada tão bem quanto anda – praticamente um anfíbio.

Ele é, em resumo, um nó na Teoria da Evolução, e está na fronteira de todas as classificações. Animais desse tipo têm um material genético valioso para a ciência, com informações que ajudam biólogos a compreender como se deu a transição entre grupos de espécies diferentes – neste caso, o surgimento dos mamíferos a partir dos répteis.

É exatamente isso que torna uma descoberta publicada ontem na Royal Society tão importante. Foi revelada uma espécie de “versão pré-histórica” do ornitorrinco – um dinossauro de transição, elo perdido entre dinossauros herbívoros ornitísquios e carnívoros terópodas.

As palavras acima estão literalmente em grego (ou será latim?), então vamos traduzir: o chilessauro (sim, esse é o nome do dito cujo) tem características anatômicas tanto de tiranossauro rex – que andava em duas patas e adorava um bifinho –  quanto de dinos quadrúpedes herbívoros como o estegossauro, com um rabo comprido e placas resistentes nas costas. Tudo isso em um corpo mais ou menos do tamanho do de um canguru contemporâneo.

Uma lista que o torna, nas palavras do homem que o desenterrou, em 2015, o “dinossauro mais bizarro já encontrado”.

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“Grande coisa”, você dirá, “dinossauro é tudo farinha do mesmo saco.” Não, não é. Há dinossauros tão diferentes entre si quanto uma marmota – ou um ornitorrinco – são de você. E não sobrou nenhum para contar a história, o que torna ainda mais difícil reconstruir a árvore genealógica dos répteis dos passado.

A versão resumida desse esforço de séculos é o seguinte: desde 1887, cientistas classificam os dinossauros de acordo com o funcionamento dos ossos dos quadris. A ordem dos saurísquios, de pélvis parecida com a dos répteis atuais, inclui espécies como os sauropodomorfos, gigantes herbívoros pescoçudos. Já os ornitísquios, com a pélvis semelhante a das aves de hoje em dia, correspondem aos herbívoros “blindados” – como o estegossauro.  

Só que há um problema: entre os saurísquios (com pélvis de réptil) há uma sub-ordem chamada terópoda, que inclui carnívoros bem grandes daquela época e, por incrível que pareça, as aves atuais. Em outras palavras, os pássaros que conhecemos hoje não são descendentes dos dinossauros que tinham anatomia de ave, mas dos que tinham anatomia de réptil. Faz algum sentido?

É por isso que muita gente da área propõe ou apoia uma revisão radical dessa classificação, considerada ultrapassada. A principal sugestão é tirar terópodas como o T-Rex do lado réptil da força e passá-los para o grupo dos ornitísquios, os dinossauros com ginga de ave.

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Uma dessas pessoas é justamente o pesquisador Paul M. Barrett, da Universidade de Cambridge – que em março havia apoiado em um artigo científico a reforma da “família dinossauro“, e agora encontrou no chilessauro evidências de que está no caminho certo.

“Nós percebemos que ele não é um terópoda primitivo estranho, comedor de plantas, e sim um herbívoro que é uma ramificação de outro grupo, o dos ornitísquios”, afirmou o pesquisador ao The Guardian. “O chilessauro nos dá mais confiança de que nossa reorganização está correta, porque ele tem uma combinação das características desses dois grupos.”

De fato, análises genéticas e anatômicas revelam que ele está em um ponto ideal para funcionar como uma espécie de transição entre T-rex e estegossauro, da mesma forma que o ornitorrinco está no meio do caminho entre répteis e mamíferos.

Um brinde aos bichos estranhos – que fazem a ciência dar grandes passos.

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