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A maioria das espécies de tubarão de mar aberto podem ser extintas

Pesquisadores estimam que as populações de tubarões e raias diminuíram 71% nas últimas cinco décadas. O motivo? Pesca desenfreada.

Por Carolina Fioratti
28 jan 2021, 18h55

Nem só de mariscos e salmão vivem os pescadores. Alguns enfrentam o mar aberto em busca de animais maiores, como tubarões, dos quais podem vender a carne e barbatanas. As raias também não escapam dessa história, já que estes peixes cartilaginosos costumam ser utilizados na medicina tradicional chinesa. 

Mas há um problema aí: a pesca desenfreada está trazendo consequências drásticas para o meio ambiente. Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (27) na revista Nature mostrou que as populações de tubarões e raias que vivem em alto mar diminuíram 71% entre os anos de 1970 e 2018. 

O declínio pode estar relacionado a duas situações: o avanço tecnológico dos barcos, que hoje são maiores e possuem equipamentos melhores, como linhas de anzol mais longas, possibilitando a captura de mais tubarões; e também a própria maturidade reprodutiva dos tubarões, que demora a ser alcançada, ou seja: não dá tempo de gerar filhotes.

Para o estudo, os pesquisadores focaram em 31 espécies de tubarões e raias que habitam o mar aberto. Os dados sobre elas foram retirados da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que é considerado o índice mais abrangente sobre o tema. Na conclusão, eles notaram que, até 1980, um terço (33%) das espécies analisadas estava em risco de extinção. Hoje, o valor subiu para três quartos (75%). 

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O número consiste em uma média global, o que pode acabar mascarando um declínio ainda maior de determinadas espécies. O Tubarão-Negro (Carcharhinus obscurus), por exemplo, apresentou uma queda em sua população de 72%. O Galha-branca-oceânico (Carcharhinus longimanus), que já foi considerado o tubarão mais comum em águas tropicais, também foi considerado em risco extinção. A única espécie que mostrou números crescentes em sua população foi a de Tubarões-Martelo-Liso (Sphyrna zygaena).

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Vale dizer que todas essas perdas não são ruins apenas para as espécies em si, mas para todo o ecossistema marinho, uma vez que os tubarões e raias se encontram no topo da cadeia alimentar – o que pode desequilibrar as coisas.

Além de olhar para o declínio de cada espécie, é importante considerar também os dados omitidos pela pesca ilegal e aqueles não divulgados sobre regiões com baixo gerenciamento de pesca, como é o caso do Oceano Índico. Faltam ainda informações sobre as espécies que vivem em recifes e regiões costeiras, o que está sendo analisado agora pelos pesquisadores.

Este, contudo, não é o fim das populações de tubarões e raias. O relatório vem como um alerta para que autoridades governamentais proíbam a pesca das espécies mais ameaçadas e limitem a caça de outras, guiando-se nas evidências científicas levantadas. Iniciativas similares adotadas nos Estados Unidos levaram os Tubarões-Brancos (Carcharodon carcharias) a nadarem novamente nas costas leste e oeste do país. 

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