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A parte branca do cocô de pomba não é cocô: é o xixi dos pássaros

O fato de que os pássaros e répteis expelem ácido úrico esbranquiçado em vez de ureia diluída em água – como os mamíferos – foi imprescindível para a evolução dos ovos. Entenda essa estranha conexão.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 ago 2022, 13h33 - Publicado em 11 dez 2020, 17h00
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  • O leitor que já foi atingido por um cocô de pomba (temos sérias dúvidas de que algum leitor tenha passado a vida ileso) sabe que a gororoba tem uma parte branca e uma parte mais escura.

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    O legal é que a parte branca não é cocô. É uma forma altamente interessante de xixi. 

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    Todo animal precisa excretar nitrogênio. Esse elemento da tabela periódica é uma sobra do metabolismo que se acumula em nosso organismo na forma de amônia, uma molécula extremamente tóxica formada por três hidrogênios e um nitrogênio.

    Se um animal tem acesso uma boa quantidade de água, ele tem a opção de diluir a amônia até que ela alcance uma toxicidade aceitável. É isso que os peixes de água doce fazem, bem como as larvas de anfíbios, os girinos, já que eles têm acesso a toda a água que quiserem. 

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    Mas um animal terrestre, como um ser humano, não consegue diluir a amônia tanto assim. Você precisaria passar o dia todo bebendo água e fazendo xixi. E se não bebesse o suficiente, morreria intoxicado.

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    Por isso, o seu fígado gasta alguma energia para converter a amônia em ureia – um composto bem menos tóxico. Ela não requer tanto líquido para se diluir a um nível aceitável. E assim você consegue fazer xixis mais curtos e espaçados, que não desperdiçam tanta água. 

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    Os pássaros dão um passo além: se você é um bicho voador, qualquer peso extra é um empecilho para sair do chão. Diluir ureia em água significa que a água vai ficar pesando na bexiga. 

    A solução é dar um passo além: gastar ainda mais energia para transformar a ureia em ácido úrico. A parte branca do cocô, que não exige diluição nenhuma. Essa também é a solução de répteis que vivem em climas secos e não querem desperdiçar o líquido valioso (ainda que nem todo réptil viva em locais áridos). 

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    O mais provável é que esse xixi seco, que não exige diluição, tenha evoluído em resposta a outra pressão seletiva – e só depois se provou eficaz na resolução dos problemas mencionados acima.

    Essa pressão são os ovos: um filhote que está crescendo encerrado na casca não só precisa lidar com a escassez de água como teria dificuldades para pôr a urina para fora caso optasse por diluir a ureia. Nesse caso, é melhor para o embrião gastar um pouco mais de energia sintetizando ácido úrico e então armazená-lo no interior do ovo sem correr o risco de envenenar a si próprio.

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    Xixi seco, no final das contas, é uma tecnologia biologica versátil – que se provou pivotal mais de uma vez ao longo da história da Terra.

     

     

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