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A sonda InSight gravou o som do vento de Marte pela primeira vez – ouça

Conclusão? A atmosfera do planeta é boa para os baixistas: por causa da baixa densidade, sons graves se propagam melhor.

Por Bruno Vaiano
Atualizado em 21 dez 2018, 18h51 - Publicado em 10 dez 2018, 16h43

A sonda InSight, da Nasa, que pousou em Marte em 26 de novembro, fez um truque inesperado na última sexta (7): captou e enviou à Terra o som de uma brisa leve, de 16 km/h, no Planeta Vermelho. É a primeira vez que qualquer som marciano chega aos ouvidos terráqueos.

16 km/h equivale a uma nota 3 na escala Beaufort de medição do vento, que vai de 1 a 12 – sendo 1 o ar parado e 12 um ciclone tropical. Ou seja: um ventinho gostoso. E suficiente para transformar brisa em som.

A InSight, na verdade, não contém nenhum equipamento com função de microfone. Seus instrumentos são projetados, entre outras coisas, para medir o calor emanado pelo solo e detectar a atividade sísmica de Marte – isto é, seus terremotos, ou, como os cientistas preferem chamá-los, marsquakes (“martemotos”). Em outras palavras, o objetivo da sonda é ouvir o solo, e não o ar. Esses dados servirão para investigar a crosta, o manto e o núcleo do Planeta Vermelho, e descobrir no que seu interior é ou não parecido com o da Terra.

Acontece que o detector de martemotos da InSight – o nome técnico é sismógrafo – ainda não está apoiado no chão: ao longo da primeira semana de estadia em Marte, ficou pendurado no teto da sonda, como se estivesse no bagageiro, esperando para entrar em operação. Assim, foi possível usá-lo de improviso para sentir a vibração que o vento causou nos painéis solares redondos que fornecem energia elétrica à nave.

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Outro equipamento também registrou o fenômeno: um sensor de pressão atmosférica que faz parte do kit de equipamentos meteorológicos. Os sons estão no vídeo abaixo, divulgado pelo Laboratório de Propulsão à Jato (JPL) da Nasa, mas a SUPER já avisa que é difícil ouvi-los sem bons fones de ouvido ou um subwoofer. Isso porque a atmosfera de Marte é extremamente rarefeita e consiste principalmente em dióxido de carbono CO2 – duas características que beneficiam a propagação de frequências graves.

Por volta de 0:35, a Nasa toca o som original, da forma como foi captado. A partir de 0:58, ouve-se o som duas oitavas acima, em uma frequência mais aguda, confortável para o ouvido humano. “Oitava”, na física, é quando você toca a mesma nota em uma versão mais aguda ou mais grave. Em outras palavras, é como se a Nasa tivesse registrado uma música tocada por um baixista, mas tivese colocado um guitarrista para fazer uma versão mais aguda, audível num falante de celular ou notebook.

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Em agosto deste ano, a SUPER conversou com o engenheiro brasileiro Ivair Gontijo, um veterano da Nasa que está participando dos preparativos para outra missão, a Mars 2020 (que será lançada, naturalmente, em 2020). A Mars 2020 levará equipamento especificamente para gravar sons de Marte – dessa vez, com um microfone de verdade, além de outras engenhocas incríveis, como um espectômetro para analisar moléculas orgânicas e uma câmera colorida para tirar fotos de longa distância. 

As previsões de Gontijo para a acústica do Planeta Vermelho bateram com o verificado na prática: “Cientistas franceses já simularam a atmosfera marciana aqui na Terra. Com pouco ar e uma concentração muito alta de gás carbônico, descobriram que as frequências sonoras mais altas desaparecem. Um ruído agudo em Marte, então, deve se tornar grave e abafado.”

Mandou bem, Marte. É a vingança que os baixistas esperavam.

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