Agora seu celular vai ter sinal 4G na Lua
Pena que você não vai estar lá para usar: a Nokia e a Vodafone vão criar uma rede para transmitir a 1ª missão ao satélite financiada pela iniciativa privada
Se você for à Lua nos próximos anos, com certeza vai querer esfregar na cara das inimigas que é um dos únicos seres humanos da história a pisar no astro. A Nokia, em parceria com a Vodafone, quer garantir que você não precisará dar a notícia por rádio: bastará postar uma selfie no Instagram. Ou transmitir um vídeo ao vivo no Facebook. Sim, usando uma rede 4G.
As empresas aproveitaram o Mobile World Congress – a maior feira de tecnologia da Europa, que está rolando ao longo dessa semana em Barcelona, na Espanha, com cobertura da SUPER – para anunciar que vão instalar uma rede móvel no satélite natural da Terra até o ano que vem. A ideia é fornecer a infraestrutura necessária para a primeira missão à Lua inteiramente financiada com recursos privados, programada para 2019.
Quem pensa em Nokia, claro, pensa em aparelho tijolão dos anos 2000. Mas, apesar do potencial para comentários engraçadinhos, a brincadeira é séria. A Audi já planejava há alguns anos enviar uma dupla de rovers – jipinhos espaciais de controle remoto – para estudar outro veículo, muito mais antigo: o buggy lunar da missão Apollo 17, que foi lançado em 1972, passou três dias levando os astronautas para lá e para cá na superfície do astro e desde então está lá, abandonado e imóvel.
Mandar dois veículos novos para estudar um veículo antigo parece besteira, mas não é: para físicos e engenheiros, é muito importante entender em que estado ficam objetos produzidos pelo homem depois de passar uma temporada no vácuo. E o carrinho da Apollo 17 está estacionado há quase 50 anos em um lugar sem atmosfera.
A Audi já sabe que o lançamento ocorrerá em Cabo Canaveral, usando um foguete Falcon 9 da SpaceX de Elon Musk. Se for mesmo possível transmitir a missão ao vivo pela internet usando dados móveis, a Nokia e a Vodafone vão fazer história. Mas ter acesso à rede na Lua também terá um fim mais prático, necessário para a logística da missão: permitir que os dois jipinhos se comuniquem com o módulo base conforme exploram o astro.
O equipamento responsável por gerar a rede – sobre o qual ainda há poucos detalhes técnicos – ficará nesse módulo, recebendo informações dos rovers e repassando-as para a sede da PTScientists (empresa de exploração espacial de baixo custo sediada em Berlim que também está envolvida no projeto). A Nokia já prometeu que a engenhoca “não será maior que um saco de açúcar”, e terá cerca de 1 kg. Talvez como uma cutucada passivo-agressiva em quem imaginou um telefone pesadão com o jogo da minhoquinha flutuando no espaço.
“Com essa missão para a Lua, nós vamos estabelecer e testar os primeiros elementos de uma rede de comunicações por lá”, afirmou em comunicado Robert Böhme, fundador da PTScientists. “O mais bacana dessa solução é que ela economiza muita energia, e quanto menos energia nós gastarmos para transmitir as informações, mais energia poderemos usar para fazer ciência.” A rede móvel de fato é muito mais econômica e prática que um sistema de rádio analógico tradicional – algo útil quando não há uma tomada por perto.