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Anquilossauros produziam sons como pássaros, sugerem cientistas

Estudo com laringe fossilizada apoia a teoria de que os dinos não rugiam, como gostamos de acreditar. Entenda.

Por Luisa Costa
28 fev 2023, 18h43

Sabe aquela imagem assustadora de um dinossauro enorme rugindo mais ou menos como um leão? Você certamente já viu algo assim no cinema ou na TV. Sinto informar: estas cenas provavelmente não correspondem à realidade.

Nós sabemos pouco sobre os sons que os dinossauros faziam – e provavelmente nunca teremos certeza sobre eles. Mas novas evidências apoiam a teoria de que eles não rugiam, mas se comunicavam de maneira mais semelhante aos pássaros e outras aves modernas. Um exemplo é o estudo realizado por paleontólogos da Hokkaido University Museum (Japão).

A equipe extraiu pistas a partir de um fóssil que seria a primeira laringe conhecida de um dino. Ela vem de um indivíduo da espécie Pinacosaurus grangeri, descoberto em 2005 na Mongólia. Trata-se de um membro da família dos anquilossauros: dinossauros herbívoros com carcaças rígidas e pontas ósseas irregulares na maior parte do corpo.

Além de estudar esta laringe fossilizada, o paleontólogo Junki Yoshida e seus colegas também analisaram órgãos responsáveis pela produção e emissão de sons presentes em parentes modernos dos anquilossauros, incluindo dezenas de pássaros e répteis como os crocodilos. Ambos usam suas traqueias e pulmões neste processo. Entre os crocodilos, é a laringe que produz os sons; entre as aves, esta função é de um órgão chamado siringe, bem perto de seus pulmões.

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A equipe mediu esses órgãos e a laringe fossilizada. Algumas regiões teriam sustentado os músculos envolvidos na abertura das vias aéreas e na mudança de sua forma para produção dos sons. Os pesquisadores perceberam que a base da laringe do anquilossauro era bem maior do que as dos outros animais estudados, sugerindo que tais criaturas extintas poderiam abrir bem mais suas vias aéreas para emitir sons altos que fossem ouvidos de longe. A outra parte do fóssil é um par de ossos relativamente longo – e isso teria permitido que a traqueia se movesse para modificar os sons, segundo os pesquisadores.

Por isso, “o Pinacossauro grangeri poderia ter empregado vocalização semelhante a um pássaro”, escrevem os paleontólogos no estudo publicado neste mês na revista científica Communications Biology.

Já outros pesquisadores afirmam que a maneira como estes ossos próximos à laringe estavam dispostos no anquilossauro não se parece com a configuração encontrada nas aves – e que a anatomia descrita varia entre animais diversos (pássaros, répteis e mamíferos), sem necessariamente estar diretamente relacionada à vocalização.

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