Após pousar na Lua, Índia lançará missão espacial ao Sol
Lançamento está previsto para o domingo (2). O objetivo é estudar como os ventos solares interferem no clima do nosso sistema.
Na última semana, a Índia se tornou o quarto país a pousar na Lua (depois de Rússia, EUA e China) – e o primeiro a fazer isso no polo sul do nosso satélite. E, no próximo domingo (2), eles querem ir ainda mais longe: o país irá enviar, pela primeira vez, um satélite para estudar o Sol.
É um projeto com ares de sci-fi, como a do filme Sunshine – Alerta Solar (2007), do diretor Danny Boyle. Na história, astronautas embarcam em uma viagem só de ida para o Sol para evitar que ele apague. Mas fique tranquilo: a estrela (ainda) não está apagando. E, ao contrário do longa, a missão indiana é não tripulada, claro.
O satélite recebeu o nome Aditya-L1 (“Aditya” quer dizer “Sol” em hindi) e tem como objetivo estudar as camadas mais externas da nossa estrela, como a fotosfera e cromosfera. Segundo a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO, na sigla em inglês), o equipamento irá fornecer dados sobre a atividade da superfície solar e sobre como os ventos solares afetam a meteorologia espacial.
(Diferentemente da Terra, o clima espacial é caracterizado pelo estudo de condições envolvendo campos magnéticos, plasma, e outros materiais e elementos físicos. Por aqui, o Sol tem um grande papel na hora de definir a “previsão do tempo”.)
Vento solar, vale dizer, é o nome dado ao fluxo relativamente constante de partículas que emana da coroa solar. A coroa, por sua vez, é uma “aura” de partículas que fica acima da superfície do Sol – e que é muito mais quente do que ela.
Na superfície, os termômetros giram em torno de 5,5 mil graus. No interior da coroa, o calor passa fácil de 1 milhão de graus. É uma temperatura tão violenta que que acaba acelerando os prótons e elétrons e núcleos atômicos a uma velocidade de 1,5 milhão de km/h. Daí o surgimento dos ventos.
Aditya-L1 estará equipado com diversos equipamentos, como um magnetômetro, para medir campos magnéticos interplanetários, e detectores de partículas como espectrômetros de raios X – tudo isso a uma distância de mais ou menos 1,5 milhão de quilômetros da Terra: o satélite ficará posicionado em uma região do Sistema Solar conhecida como primeiro ponto de Lagrange (L1), um dos cinco pontos do espaço descobertos pelo astrônomo italiano Joseph Louis Lagrange (1736-1813).
O que eles têm de especial? Lagrange descobriu que, nesses locais, o cabo de força gravitacional entre o Sol e a Terra se equilibra. Coisas colocadas nesses pontos, ou girando em torno deles, acompanham a Terra sem orbitá-la. No L1 costumam ficar satélites que estudam o Sol. O telescópio James Webb, que estuda o espaço profundo, está virado de costas para a estrela no L2.
Por que estudar o Sol?
Antes da Índia, a NASA e a ESA (Agência Espacial Europeia), já haviam lançado missões para estudar o Sol. Estudá-la é importante não apenas para entender a estrela em si, mas também para compreender a atividade de outras espalhadas pelo Universo.
Além disso, as atividades solares têm impactos diretos em nossa vida aqui na Terra. Enquanto os ventos solares podem propiciar um dos mais belos fenômenos naturais (a Aurora Boreal), caso as erupções na coroa solar sejam muito fortes, elas podem causar distúrbios em nossos sistemas de comunicação. Em um mundo totalmente conectado e dependente da tecnologia, o Sol desligar tudo não é exatamente a melhor forma de aproveitar as férias de verão.
Caso queira saber mais sobre a missão, a ISRO disponibilizou um manual (em inglês) com todas as informações.