O manto de gelo no mar do Ártico atingiu o seu limite máximo para o ano no dia 24 de março – 14,52 milhões de quilômetros quadrados. Achou muito? Pois essa é a menor cobertura já registrada por satélite, em quatro décadas, para o período de inverno na região.
A informação é do Centro Nacional de Neve e Gelo da Universidade do Colorado (NSIDC) e da Nasa. Esse novo recorde superou a mínima histórica do inverno passado, de 14,54 milhões de quilômetros quadrados, e isso não é nada bom.
O declínio do gelo do mar tem acelerado nas duas últimas décadas, e está associado ao clima mais quente na região, que é afetado tanto pelas mudanças climáticas quanto por variabilidades temporais de curto prazo.
“O Ártico está em crise. Ano após ano, ele entra em um novo estado, e é difícil ver que efeito isso pode ter sobre o hemisfério norte ao longo do tempo”, disse Ted Scambos, cientista-chefe do NSIDC, em comunicado.
Para se ter uma ideia da intensidade das mudanças, as 13 menores extensões máximas já registradas por satélites ocorreram nos últimos 13 anos.
Esta curta animação abaixo mostra o ciclo de congelamento no mar do Ártico a partir da extensão mínima do último verão até o dia 24 de março, quando a superfície gelada atingiu sua máxima extensão para o inverno:
Segundo a Nasa, o nova mínima histórica para o inverno resulta, em parte, das temperaturas recordes de dezembro, janeiro e fevereiro em todo o mundo e também no Ártico.
“O calor atmosférico contribuiu para isso, com temperaturas do ar até 10 graus acima da média em algumas partes do Ártico”, disse Walt Meier, cientista marinho da Nasa.
“Mas os padrões de vento na região durante os meses de janeiro e fevereiro também foram desfavoráveis, eles trouxeram ar quente e impediram a expansão da cobertura de gelo”, acrescentou.
Contudo, alerta o cientista, o que provavelmente irá desempenhar um papel maior na evolução futura das extensões máximas do Ártico é o aquecimento das águas do oceano.
A extensão do gelo do mar do Ártico desempenha um papel crítico no sistema climático do Planeta. Fisicamente, sua superfície branca reflete até 80 por cento da luz solar recebida durante os longos dias de verão no hemisfério norte, exercendo uma influência de resfriamento sobre o clima.
Além disso, os ursos polares, morsas, baleias e outros animais dependem do gelo marinho para sobreviver.
Menos gelo também significa mais transporte pelo Ártico e exploração (principalmente de petróleo), com grandes implicações para a economia mundial e a segurança climática.
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