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As negociações climáticas da COP29 começaram em Baku. Veja o que esperar.

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Por Matt McDonald
17 nov 2024, 14h00

Matt McDonald é professor de Relações Internacionais da Universidade de Queensland. O texto abaixo saiu originalmente no site The Conversation, que publica artigos escritos por pesquisadores. Vale a visita.

A grande reunião das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, conhecida como COP29, começou hoje em Baku, no Azerbaijão. Essas reuniões anuais são as principais cúpulas internacionais, pois é o mundo tenta lidar com a crise climática que se desenrola.

As negociações deste ano são cruciais à medida que as mudanças climáticas se agravam. Nos últimos anos, uma série de desastres e eventos extremos causados pelo clima, desde os incêndios florestais na Austrália e no Brasil até as enchentes na Espanha, causaram estragos em todo o mundo.

Além disso, a contínua trajetória ascendente das emissões de gases de efeito estufa sugere que a janela para limitar o aquecimento a 1,5°C está quase fechada. E a reeleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lança um véu sobre a ação climática global.

Então, vamos dar uma olhada na agenda dessa reunião vital da COP 29 e como podemos avaliar seu sucesso ou fracasso.

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A grande questão: financiamento climático

COP significa Conferência das Partes e se refere às quase 200 nações que assinaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Assim como a conferência do ano passado em Dubai, a escolha de realizar a reunião deste ano em Baku é controversa. Os críticos dizem que o status do Azerbaijão como um “petroestado” com um questionável registro de direitos humanos significa que não é um anfitrião adequado.

No entanto, a reunião é crucial. A COP29 foi apelidada de “COP das finanças”. É provável que o foco central seja uma meta muito maior para o financiamento climático um mecanismo pelo qual os países ricos fornecem financiamento para ajudar os países mais pobres em sua transição para a energia limpa e para fortalecer sua resistência climática.

Nas negociações da COP de Copenhague em 2009, os países desenvolvidos se comprometeram a fornecer coletivamente US$ 100 bilhões por ano para o financiamento climático. Isso foi visto como o grande resultado de negociações que, de outra forma, não seriam bemsucedidas, mas essas metas não estão sendo cumpridas.

A reunião também representa uma oportunidade de envolver o setor privado para que desempenhe um papel mais importante na promoção de investimentos na transição para a energia renovável.

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Mas ainda há questões polêmicas. Quem deve doar e receber dinheiro? E como podemos garantir que os países ricos realmente cumpram seus compromissos?

O grande resultado da COP do ano passado foi a criação de um fundo para perdas e danos inevitáveis sofridos por estados vulneráveis em decorrência dos efeitos climáticos. Desde então, temos visto algum progresso no esclarecimento de como ele funcionará.

Mas os US$ 700 milhões comprometidos com o fundo estão muito aquém do que já é necessário e o financiamento necessário certamente aumentará com o tempo. Uma estimativa sugere que serão necessários US$ 580 bilhões até 2030 para cobrir perdas e danos causados pelo clima.

Juntamente com essas questões, espera-se que as negociações de Baku apresentem algum movimento em relação ao financiamento para adaptação, possibilitando mais fundos para a construção da resiliência climática nos países em desenvolvimento. Até o momento, as contribuições e os compromissos ficaram muito aquém da meta estabelecida em 2021.

Uma última questão será como esclarecer as regras sobre os mercados de carbono, especialmente sobre o tópico controverso de se as nações podem usar o comércio de carbono para cumprir suas metas de corte de emissões do Acordo de Paris.

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As negociações sobre esse último ponto estão paralisadas há anos. Alguns analistas veem a movimentação nos mercados de carbono como crucial para criar um impulso para a transição dos combustíveis fósseis.

Nuvens de tempestade sobre Baku

De longe, a maior sombra sobre as negociações de Baku é a eleição do republicano Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

Trump retirou os EUA do acordo climático em 2016 e declarou que a mudança climática é “um dos maiores golpes de todos os tempos”.

A reeleição de Trump afetará significativamente a cooperação dos EUA em relação às mudanças climáticas em um momento em que os riscos para o planeta dificilmente poderiam ser maiores.

De modo mais amplo, as tensões e os conflitos geopolíticos de Gaza à Ucrânia também correm o risco de atrapalhar a agenda internacional e minar a chance de cooperação entre os principais participantes.

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Isso se aplica especialmente à Rússia e à China, ambas cruciais para os esforços climáticos internacionais.

Em COPs anteriores, as dificuldades geopolíticas não foram um fator determinante para a cooperação na política climática, mas torna as coisas mais difíceis. Por esse motivo, o Azerbaijão pediu uma “trégua” nos conflitos globais para coincidir com a conferência.

Compromissos nacionais são importantes em Baku

Esta COP representa as últimas grandes negociações sobre o clima antes que os governos nacionais tenham que declarar publicamente suas novas metas de corte de emissões conhecidas como “Contribuições Nacionalmente Determinadas” (NDCs, em inglês) que devem ser entregues em fevereiro de 2025.

Alguns grandes atores, como o Brasil, o Reino Unido e os Emirados Árabes Unidos, já indicaram que anunciarão suas novas metas em Baku.

Haverá também muita pressão sobre outras nações para que aumentem suas metas. Isso porque os compromissos existentes colocam o mundo muito longe de cumprir a meta globalmente acordada de limitar o aquecimento planetário a 1,5°C um limite além do qual são esperados danos climáticos devastadores.

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A nação anfitriã, o Azerbaijão, também está interessada em aumentar a transparência em relação às obrigações de relatórios para os países, para facilitar o acompanhamento do progresso em relação às metas de emissões.

E quanto à Austrália?

É quase certo que a Austrália não apresentará uma nova meta de emissões em Baku. Ela já sinalizou que poderá anunciar suas metas atualizadas após o prazo de fevereiro de 2025.

Para a Austrália, a principal questão em Baku pode ser se nós juntamente com pelo menos um país do Pacífico seremos anunciados como os anfitriões da COP31 em 2026. A Austrália está cotada para vencer, mas a Turquia é um concorrente importante.

Como medir o sucesso?

O Azerbaijão considera que o resultado mais importante da conferência será um acordo em torno de uma nova meta coletiva para o financiamento climático.

Esse e outros resultados financeiros serão importantes para garantir uma distribuição justa dos custos do impacto das mudanças climáticas e da necessária transição energética.

Uma ação sobre a cooperação no comércio de carbono, há muito paralisada, também seria uma vitória e poderia turbinar a transição energética global.

Mas o verdadeiro sucesso viria na forma de novas metas significativas de emissões e do endosso explícito da necessidade de abandonar os combustíveis fósseis. Infelizmente, esse último aspecto não está em destaque na agenda de Baku.

A humanidade não tem mais tempo para evitar as mudanças climáticas, e já estamos vendo danos reais. Mas ainda há uma oportunidade de minimizar os danos futuros. Devemos buscar ações internacionais urgentes e sustentáveis, independentemente de quem esteja na Casa Branca.

 

 

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