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Astrologia: Saturno em oposição ao Sol

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h48 - Publicado em 30 set 1988, 22h00

Em astrologuês, isto quer dizer grande confusão e poderia ser o horóscopo da própria Astrologia. Num Universo cada vez mais despovoado de mitos, os astrólogos oferecem aos fiéis trabalhos conflitantes nos métodos e nos objetivos.

Amor: deve haver um astral de equilíbrio terreno afetivo; evite a possessividade.

Dinheiro: use o seu lado prático para se sair bem nas questões financeiras.

Saúde: aproveite para recarregar as baterias; as viagens são favoráveis.

Esse horóscopo poderia ser lido em qualquer dia, por qualquer pessoa, de qualquer signo. Nele não há nada original nem útil. Entretanto, poucas pessoas resistem à tentação de dar uma olhada na coluna astrológica de jornais e revistas, mesmo que não pretendam se deixar influenciar. Na verdade, ninguém acredita nessas colunas — nem mesmo os astrólogos. “A nossa imagem é prejudicada com essas previsões falsas”, reclama a astróloga Nadja Nicolau, que atende à noite uma pequena e selecionada clientela em São Paulo — durante o dia, é funcionária burocrática de uma grande empresa. Em tom calmo, ao mesmo tempo que acende um cigarro atrás do outro, se queixa: “Isso aumenta a incompreensão dos cientistas em relação ao nosso trabalho, que é sério”.

Mas os cientistas, de modo geral, não concordam com essa seriedade. O astrofísico Roberto Bozcko, da Universidade de São Paulo, fulmina: “Astronomia e Astrologia só têm em comum as cinco primeiras letras”. Há 2 700 anos, porém, não era bem assim: elas nasceram juntas, quando o homem começou a observar o céu e percebeu ligações entre as posições dos astros e algumas de suas atividades. Eles regulavam o dia, a noite, as estações, e assim orientavam a caça, a pesca, a agricultura etc. E juntas elas continuaram pelo menos até o Renascimento (século XVI da nossa era).

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A partir daí, o estudo sistemático das propriedades físicas dos astros ficou com a Astronomia — e seus supostos poderes místicos com a Astrologia. Foram os caldeus, povo que habitava a região onde hoje é o Iraque, nos séculos VIII-VI a.C., os primeiros a imaginar que calculando as posições do Sol e da Lua seria possível prever o futuro. Os caldeus eram férteis em crendices desse tipo. Entretanto, foram eles que criaram as primeiras efemérides ou tábuas astronômicas, que mostravam a posição dos astros na eclíptica — o caminho aparente que o Sol percorre ao redor da Terra. Essa faixa foi dividida em doze partes iguais, de 30 graus, chamadas posteriormente casas. As casas foram relacionadas com doze constelações que aparecem na eclíptica.

Até então, a Astrologia se preocupava somente com a previsão dos grandes eventos: guerras, enchentes, terremotos. Apenas quando essa atividade chegou à Grécia, por volta de 250 a.C., é que começaram as previsões de fatos pessoais — e já então eram os governantes os principais interessados em conhecer o futuro. Nada muito diferente do que faz, pouco mais de 2 mil anos depois, o presidente dos Estados Unidos. Ronald Reagan. Os gregos, tradicionalmente metódicos, passaram a classificar toda a Astrologia, e esta começou a se tornar uma coisa complicada. Eles criaram os doze signos, símbolos que receberam os mesmos nomes das constelações.

Cada um desses signos representa características específicas da personalidade humana. Seu conjunto também se encontra na faixa da eclíptica, formando o “caminho dos animais”, chamado zodíaco. As casas, por sua vez, passaram a representar uma área da vida — infância, família, trabalho, dinheiro, casamento, estudos etc. Cada uma regida por um signo, definido pela constelação que esteja subindo no horizonte no momento em que a pessoa nasce. Essa constelação define o signo da primeira casa, que está relacionada com as características da personalidade. As outras seguem a ordem natural do zodíaco.

O geógrafo e matemático Cláudio Ptolomeu (cerca de 90-160 d.C.), nascido em Alexandria, no Egito, estabeleceu que, além da Lua e do Sol, também Marte, Vênus, Mercúrio, Júpiter e Saturno — astros que podiam ser vistos em movimento a olho nu e por isso foram chamados planetas ou “estrelas errantes”. em grego — influenciavam o comportamento, conforme seu ponto no zodíaco. Os astrólogos gregos passaram a calcular a posição de cada astro de acordo com a hora e o local de nascimento da pessoa, e assim traçavam o seu mapa astral — uma espécie de retrato do céu visto da Terra naquele momento.

A partir de 1510, o astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) começou a falar, muito timidamente, de uma descoberta que fizera: o Sol, e não a Terra, era o centro do Universo. Ou seja, o Sol não gira em torno da Terra; é esta que, junto com os demais planetas, gira em torno dele. É fácil entender a timidez de Copérnico: sua teoria era revolucionária e não foi à toa que a Igreja resistiu tenazmente mais de um século para aceitá-la como correta. O sistema heliocêntrico mudou tudo na cultura humana — filosofia, ciência, religião foram drasticamente afetadas. Menos a Astrologia, que, apesar de pretender apoiar-se num meticuloso estudo das posições dos astros, não viu motivo para alterar os procedimentos dos seus sacerdotes.

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Hoje sabemos que também Copérnico estava errado: o Sol não é o centro do Universo, mas apenas uma pequena estrela — que viaja pelo espaço dentro de uma galáxia, que não é das maiores —, com seu séquito de nove planetas e respectivos satélites (e não cinco, como acreditava Ptolomeu). Apesar de todas essas novidades, os mapas astrais continuaram — e continuam até hoje — a ser feitos como se a Terra fosse o centro de tudo. “O mapa é feito em função de uma pessoa, não importa onde ela esteja. Se eu fizesse o mapa de um lunático, o centro seria a Lua”, explica o astrólogo Antônio Carlos Boton.

Para o astrônomo Irineu Varella, diretor do Planetário Municipal de São Paulo, “esta é apenas mais uma evidência do egocentrismo praticado por quem considera que os astros exercem alguma influência sobre os seres humanos”. Graças às mais modernas pesquisas da Astrofísica, descobriu-se que há no Cosmo forças, partículas, subpartículas, agindo e reagindo entre si e sobre os astros. Mas nunca se detectou qualquer tipo de energia emanada dos planetas capaz de atravessar o espaço, penetrar na atmosfera terrestre e afetar as características de pessoas nascidas neste ou naquele instante.

Mas, se não acharam necessário mudar métodos e conceitos, os astrólogos pelo menos trocaram de objetivos. Os caldeus, como vimos, se propunham a prever grandes acontecimentos, e os gregos pretenderam usar esse poder mágico ao nível da vida pessoal. Os horóscopos comuns, de jornais e revistas, orientam o comportamento com conselhos suficientemente vagos para se adaptarem a qualquer situação. Tudo isso é rejeitado pelos astrólogos mais modernos. Para eles, o que se pode observar no céu nada mais é do que uma representação do que ocorre no organismo. Ou seja, a nova Astrologia parte do pressuposto de que o macrocosmo se comporta de maneira semelhante ao microcosmo e, como não dá para traçar um mapa do universo interior, o jeito é partir para o Universo estelar.

“O átomo é como o sistema solar, onde corpos se movem ao redor de um núcleo”, explica Boton, certamente desconhecendo o chamado modelo quântico do átomo, hoje aceito pela Física, no qual o elétron não gira, necessariamente, ao redor do núcleo. Para o astrônomo Varella, o postulado aceito pelos astrólogos está longe de constituir uma lei física: “É pura invenção”.

O fato é que as grandes cidades estão repletas desses profissionais, que, por quantias nada módicas, se incumbem de traçar o mapa astral de qualquer pessoa, revelar seu perfil psicológico e prever seu futuro. Um mapa leva em consideração diversos outros detalhes além do signo solar, aquele que todos conhecem a partir do dia do aniversário. Por isso, os astrólogos dizem que é impossível comparar pessoas que tenham o mesmo signo, pois este representa apenas a essência do indivíduo, uma espécie de inconsciente. É m mais fácil serem semelhantes duas pessoas com o mesmo signo ascendente — a constelação que está surgindo no horizonte, na hora exata do nascimento. Porque o ascendente determina a forma como alguém se relaciona com os outros, como aparenta ser, como soluciona os problemas no dia-a-dia — enfim, sua máscara social.

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Mesmo armada com essas sutilezas, a Astrologia enfrenta problemas complicados. Por que gêmeos, que nascem no mesmo dia, na mesma hora e no mesmo local. não têm, obrigatoriamente, personalidades idênticas? É que sempre há um intervalo entre um nascimento e outro, explicam os astrólogos, e imaginam que isto vale até para gêmeos que nascem por meio de cesariana. E duas crianças que nascem na mesma maternidade, de mães diferentes, exatamente no mesmo segundo, serão personalidades iguais? “Nem sempre”. responde Nadja, “pois os astros indicam potencialidades que cada um desenvolverá conforme o meio social onde for criado.” A explicação, sem dúvida, tem muita sociologia e pouca astrologia.

Mas há mais questões. Na cidade de Jakkonen, no norte da Finlândia, pelo menos em uma hora em cada doze (ou seja, duas vezes ao dia) todas as constelações do zodíaco despontam no horizonte ao mesmo tempo. Isso se deve à sua localização — 66 graus e 33 minutos de latitude norte, exatamente no círculo polar ártico (o fenômeno se repete no círculo polar antártico). Como determinar o signo ascendente das crianças nascidas naqueles momentos? Boton invoca “complicados cálculos trigonométricos” que podem responder à pergunta, embora vejam desconhecidos pelos astrônomos.

A seu favor, a Astrologia tem algumas manifestações de simpatia. O psicólogo suíço Carl Jung (1875-1961), discípulo, primeiro, e depois antagonista de Sigmund Freud, chegou a levantar a hipótese de que o mapa astral pudesse ser uma leitura do inconsciente da pessoa. Nada conclusivo, portanto. Assim, qualquer esforço para aplicar a lógica ou o conhecimento racional para explicar os procedimentos da Astrologia esbarra numa questão básica — ela opera com a capacidade das pessoas de acreditarem, independentemente de provas, evidencias ou demonstrações.

ÁRIES (21 MAR 20 ABR)

O ariano é ansioso sempre fala tudo o que pensa e de maneira impetuosa. Por exemplo, Getúlio Vargas. Sabe fazer os amigos rir nas piores situações, com seus comentários cheios de sarcasmo. Adolf Hitler, quem diria, era assim. Adora desafios e tarefas complicadas. Perspicaz como Xuxa, quando tem um projeto é capaz de levá-lo até o final sem medir esforços. O pintor holandês Van Gogh que o diga.

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TOURO(21 ABR/20 MAI)

O prático tauriano não sai muito da rotina. Karl Marx escreveu sua vasta obra baseado nesta virtude. Escuta os outros com paciência como o escritor francês Honoré de Balzac. E nunca muda de opinião. Alguém pensou no Sarney?

GÊMEOS(21 MAI/20 JUN)

O geminiano é sobretudo um conversador, como o grande poeta português Fernando Pessoa. E rigorosamente lógico como a atriz americana Marilyn Monroe.

CÂNCER(21 JUN/21 JUL)

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Cancerianos são altamente protetores. Basta ler a biografia do escritor francês Marcel Proust. E conquistam pela gentileza: vide o boxeador Mike Tyson.

LEÃO(22 JUL/22 AGO)

A morte para leoninos como Fidel Castro, Napoleão e Mick Jagger é não chamar a atenção. Os astros dizem que são loucos por poder, glória e luxo. Acertaram.

VIRGEM(23 AGO/22 SET)

Virginianos adoram complicar as coisas, mesmo quando elas são simples. Confira: Paulo Maluf, Antônio Carlos Magalhães e Marilena Chaui.

LIBRA(23 SET/22 OUT)

O idealismo está presente em sua vida. Depois dos 40 anos, a atriz Brigitte Bardot ficou assim. Podem ser indecisos, como o Mahatma Gandhi, mutáveis e até rancorosos quando não se faz o que eles querem.

ESCORPIÃO(23 OUT/21 NOV)

Quem é deste signo não pensa duas vezes antes de se apaixonar por tudo. Só o ciúme e a desconfiança é que atrapalham. Pablo Picasso e Pelé são escorpianos.

SAGITÁRIO (22 NOV/21 DEZ)

O sagitariano tem sempre um objetivo longe de ser alcançado, mas tudo bem porque ele é um otimista. Nostradamus, vejam vocês era um otimista. Nunca pára de estudar pois não vê graça na vida se não conhece coisas novas. É um intelectual e gosta de conversar com pessoas que tenham idéias diferentes das suas — virtude das mais elogiadas na personalidade do líder soviético Joseph Stálin.

CAPRICÓRNIO

(22 DEZ/20 JAN)

Seu ótimo senso de humor — não é general João Figueiredo? — não é suficiente para esconder um profundo pessimismo. Foi assim que Mao Tsé-tung liderou a Grande Marcha dos chineses.

AQUÁRIO(21 JAN/ FEV)

O aquariano sabe agradar com a sua fidelidade como foi o caso de Galileu com a Igreja. Também é imprevisível como o dramaturgo Bertolt Brecht.

PEIXES(20 FEV/20 MAR)

Os piscianos querem escapar da realidade (foi o que fez Albert Einstein, bolando a Teoria da Relatividade). E são sensíveis como a cantora Elis Regina.

Para saber mais:

Sob o domínio da Lua

(SUPER número 8, ano 8)

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