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Astrônomos podem ter descoberto a primeria “exolua”

Ela fica fora do Sistema Solar, é do tamanho de Netuno e está a 8000 anos-luz de nós

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 4 out 2018, 17h28 - Publicado em 4 out 2018, 17h24

Giordano Bruno, em 1584, afirmou que havia “inúmeros sóis e inúmeras terras” no céu. Na época, foi acusado de heresia, mas a descoberta dos exoplanetas (aqueles que orbitam em torno de outro astro que não o Sol) provou que o monge estava certo. Agora, a ciência pode ter ido mais longe: cientistas acreditam ter descoberto a existência de uma “exolua”.

Isso mesmo, uma lua que que está fora do Sistema Solar. De acordo com o relatado por astrônomos da Universidade Columbia no periódico científico Science Advances, essa exolua é do tamanho de Netuno, o que a torna também a maior lua conhecida, excedendo o tamanho de todas as do sistema solar. Ela orbita o exoplaneta gasoso Kepler 1625b, que é bem maior que Júpiter (o maior planeta do Sistem Solar) e fica 8000 anos-luz de nós, na Constelação de Cisne (Cygnus).

Os astrônomos David Kipping e Alex Teachey fizeram a descoberta após analisar a movimentação de cerca de 300 planetas que haviam sido descobertos pelo telescópio espacial Kepler. Eles nunca foram propriamente vistos, mas apenas observados indiretamente: ou através de alguma sombra que projetam quando passam em frente a suas estrelas, ou quando sua influência gravitacional gera uma mudança perceptível na trajetória dos astros que orbitam. Analisando essas pistas, cientistas conseguem cravar a existência de planetas fora do Sistema Solar. E para encontrar a suposta “exolua” usou-se a mesma lógica.

Kipping e Teachey notaram anomalias nos dados de trânsito (momento em que um planeta passa em frente a sua estrela) do exoplaneta Kepler 1625b. “Vimos pequenos desvios e oscilações na curva de luz que chamaram nossa atenção”, disse Kipping.

Essa pista, vinda do telescópio Kepler, foi tão intrigante que os cientistas resolveram confirmar usando dados de um telescópio com uma resolução quatro vezes superior: o Hubble. Com ele, os astrônomos viram dois curtos momentos de escurecimento que poderiam sinalizar a presença de uma “exolua” em torno de um dos planetas em trânsito. Eles também queriam confirmar com o Hubble o possível efeito gravitacional que uma lua exerceria sobre o exoplaneta, como mudar o horário de início do trânsito.

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Os pesquisadores atestaram que o exoplaneta Kepler 1625b passou na frente de sua estrela cerca de 80 minutos antes do previsto. Essa observação sugeriu variações no tempo de trânsito, o que é um sinal importante da existência de uma exolua. Nas palavras de Kipping, ela é “uma lua que segue seu planeta como um cão na coleira segue seu dono”. Isso tudo foi percebido com dados de 40 horas de observação feitas pelo Hubble.

A exolua descoberta é estimada em apenas 1,5% da massa do planeta que a acompanha, o que é próximo da relação de massa entre a Terra e nossa Lua. Baseado na distância entre os exoastros, a temperatura da exolua foi estimada em 80 ºC. Essa temperatura até poderia suportar vida, mas como o Kepler 1625b e sua lua são gasosos (não possuem uma crosta sólida), os cientistas acreditam que essa possibilidade seja muito improvável.

Apesar da descoberta, os astrônomos acreditam que necessitam de mais observações para confirmar a existência dessa lua fora do Sistema Solar. “O resultado de nossa pesquisa nos deixa entusiasmados, mas agora precisamos esperar o aval da comunidade científica”, disse Teachey.

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