Aves incendiárias, que provocam queimadas florestais, existem mesmo? Entenda
Três espécies de aves da Austrália espalham incêndios florestais para capturar presas com mais facilidade.
O Brasil registrou mais de oito mil focos de incêndios florestais durante o último fim de semana. Três em cada quatro dessas queimadas aconteceram nos estados de Goiás, Mato Grosso e Tocantins, que abrigam parte do bioma da floresta amazônica. Muitos desses focos de fogo espalhados pelo país têm origens criminosas, com os governos estaduais tentando prender suspeitos. Mas e se os responsáveis forem aves incendiárias?
No caso do Brasil, isso não é um perigo. Aqui, os criminosos por trás dos incêndios são seres humanos, mesmo. Porém, esse talvez fosse o caso na Austrália, onde três espécies de aves têm causado com táticas de caça que espalham fogo de propósito para capturar suas presas.
As espécies de milhafres-pretos (Milvus migrans), milhafres-assobiadores (Haliastur sphenurus) e falcões-berigora (Falco berigora) foram apresentadas como aves incendiárias em um estudo de 2017 no Journal of Ethnobiology.
Espalhar o fogo é a estratégia delas para encontrar comida de forma mais fácil. Insetos e outros animais pequenos que tentam fugir das chamas viram presa tranquila para as aves, que já começam o churrasco com a caça viva.
Fênix da vida real
Como eles espalham o fogo? Os pássaros incendiários não conseguem começar um incêndio florestal do zero, mas eles podem levar as faíscas para novos cantos. Essas aves pegam um graveto pegando fogo e levam para uma área que não foi queimada, criando um novo incêndio e expulsando as possíveis presas que moram por lá.
O trabalho de espalhar incêndios pode ser feito individualmente ou mesmo em grupo. Há relatos em que só foi preciso um graveto pegando fogo, e também vezes em que os animais foram avistados transportando vários pedaços de pau pegando fogo até a área da nova queimada.
Os cientistas que observaram esse comportamento ainda não conseguem dizer com certeza se isso é um hábito dessas aves, ou se acontece raramente. As únicas evidências dessa prática aconteceram na Austrália, mas isso também não quer dizer que pássaros ao redor do mundo não possam fazer a mesma coisa; eles só não foram observados fazendo.
As linhas de fogo dos incêndios nas savanas da Austrália são uma área de caça privilegiada para essas espécies, que ficam de olho nos animais fugindo para salvar suas vidas. Lagartos, pássaros pequenos e insetos são algumas das presas possíveis.
O comportamento incendiário dessas aves foi descrito cientificamente em 2017, mas ele já havia sido observado há muito tempo pelos aborígenes australianos. Os povos indígenas da região até contavam com antigas danças cerimoniais em homenagem a esses pássaros, fênix da vida real.