Bactéria explica “morte misteriosa” de 330 elefantes em Botsuana
Carcaças ao redor do rio Okavango despertaram a suspeita de contaminação por ingestão de água poluída – hipótese confirmada por autoridades nesta segunda.
Botsuana, país da África central, conta com a maior população de elefantes selvagens do mundo – estima-se que um terço do total do continente – ou 130 mil animais – viva ali. Mas esse número começou a diminuir de forma misteriosa nos últimos meses.
Desde março deste ano, uma quantidade atípica de carcaças despontou nos arredores do rio Okavango (também chamado Cubango), flagradas após o sobrevoo da região. E, segundo autoridades do governo do país concluíram após analisar em laboratório amostras do solo, da água e dos cadáveres desses animais, a culpa é de uma bactéria.
Como anunciou um comunicado emitido por oficiais nesta segunda-feira (21), pelo menos 330 elefantes morreram pela ingestão de água contaminada com toxinas produzidas por cianobactérias. Conhecidas como algas azuis, elas costumam se espalhar por lagos que servem para abastecer a fauna da região – e nem sempre são tóxicas para humanos e animais.
Segundo especialistas, porém, esses micróbios podem tirar vantagem do aquecimento global, por preferirem temperaturas mais elevadas. De acordo com o painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC), a temperatura na região sul da África vem aumentando duas vezes mais rápido do que a média global.
“Nossos últimos testes detectaram neurotoxinas produzidas por cianobactérias como causa das mortes. Essa bactéria foi encontrada na água”, disse Mmadi Reuben, diretor veterinário do Departamento de Vida Selvagem e Parques Nacionais de Botsuana, durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (21).
De acordo com o oficial, a queda no número de mortes coincide com o final de junho, período que os lagos da região costumam secar. Mas boa parte da história segue em aberto.“Ainda assim, temos muitas questões que ainda precisam ser respondidas. Por que só os elefantes morreram [e não outros animais]? E por que só nessa área?”
As autoridades argumentam que a caça predatória para a obtenção de marfim, comum na região, já foi descartada como potencial causa das mortes. Isso porque as presas dos cadáveres de elefantes encontrados estavam preservadas.
Uma hipótese é que um fenômeno parecido esteja acontecendo também no Zimbábue, o país vizinho. Por lá, pelo menos 25 elefantes também foram encontrados mortos. Amostras foram encaminhadas para análise no Reino Unido.