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Barulho de barco faz com que peixes não cuidem direito dos filhos

Estressados com o barulho e mais distantes dos ninhos, eles falham na tarefa de proteger suas crias.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 7 jun 2017, 20h10 - Publicado em 7 jun 2017, 20h06

Para os peixes, a paternidade é assunto sério – você já deve ter visto Procurando Nemo, afinal. Sim, o filme da Disney, é um retrato fiel dos hábitos dos peixes-palhaço. Mas o longa acertou também ao mostrar que os ovos de peixe precisam de muito cuidado para florescerem.

Antes de ganharem os oceanos, as crias não são nada além de pequenas e indefesas esferas gelatinosas. Por esse motivo, devem ser mantidas em locais seguros sob tutela atenta dos pais, até romperem os ovos e nascerem de vez. É normal que as ninhadas contenham até centenas de milhares de ovos. Esse tanto de bebê para tomar conta exige que a atenção seja redobrada. Só assim para que o maior número possível deles tenha a chance de vingar.

Uma descoberta de pesquisadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, mostra que essa tarefa pode se tornar ainda mais complicada, dependendo da poluição sonora que os peixes enfrentam. Em regiões de recifes de corais, o som produzido pelos motores de barcos pode afastar os pais das ovas – fazendo com que ninhos inteiros virem alvo fácil para predadores.

Em um experimento descrito no periódico Proceedings of the Royal Society B, os cientistas conseguiram medir a magnitude do efeito. Isso foi possível na análise de 38 ninhos naturais de Acanthochromis polyacanthus, um peixe que vive na Great Barrier Reef, costa da Austrália. Durante 12 dias, pesquisadores reproduziram sons ambientes de recifes para metade dos ninhos, enquanto os outros 19 ouviam sons que simulavam os ruídos dos motores das embarcações.

Ter ou não a tranquilidade do lar incomodada pelo barulho foi determinante para o comportamento dos pais, sobretudo no que diz respeito às cobranças da paternidade. Aqueles que tiveram de suportar o ruído constante dos veículos ficaram bem mais agressivos, e passaram a perseguir mais outros peixes. Assim, permaneciam menos tempo próximos do ninho, deixando os filhos mais vulneráveis – e o caminho mais aberto para predadores.

Mais preocupados em arrumar encrenca, eles também passaram a descuidar da própria alimentação. Isso acabou prejudicando seu condicionamento físico, essencial quando se precisa fazer frente a algum mal-encarado que ameace a integridade da família. O estresse adquirido com os ruídos também fez com que eles passassem a identificar ameaças de forma errada – gastando energia desnecessária perseguindo quem não tinha nada a ver com a história.

Esse comportamento “desnaturado” dos progenitores afetou diretamente a taxa de sobrevivência de suas crias. Dezenove ninhos foram expostos ao barulho, e em seis deles todas as ovas de peixe morreram ao fim dos dois meses de análise.

Ou seja, não é preciso nem um “Popozão” (o navio gigantesco que desencadeou toda a história de Nemo) para atrapalhar os peixes. Para que a dinâmica das populações marinhas sofram a influência da poluição sonora, qualquer embarcação motorizada já é mais do que suficiente para causar um bom estrago.

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