Belugas usam cinco formatos de cabeça para se comunicar
Esses animais transformam a própria testa em massinha de modelar. Veja quais são os formatos e em quais contextos aparecem.
As baleias possuem algumas das formas mais sofisticadas de comunicação animal. As cachalotes, por exemplo, se comunicam em “cliques” separados por intervalos de tempo distintos – algo semelhante a um código morse. Já os golfinhos-roaz possuem “apitos de assinatura”, como se fossem seus nomes. Assim, eles conseguem chamar a atenção de indivíduos específicos, em vez da turma toda.
A beluga (ou baleia-branca) é uma espécie de cetáceo próxima dos golfinhos. Diferente deles, as belugas conseguem alterar o formato da própria cabeça, tornando a testa mais protuberante ou achatada. Uma pessoa que toca na cabeça de uma beluga percebe que ela é bastante macia e flexível, como mostra o vídeo abaixo.
A parte de cima da cabeça, chamada “melão”, é composta de gordura. As baleias controlam essa região como massinha de modelar para direcionar suas vocalizações. Isso ajuda na ecolocalização: basicamente, esses animais emitem ondas que refletem nos objetos ao seu redor. Assim, eles têm uma noção de onde se encontram.
Mas talvez a cabeça fofinha não sirva só para isso. Pesquisadores da Universidade de Rhode Island, nos Estados Unidos, perceberam que as belugas mudam o formato dos melões com mais frequência quando estão em grupo e interagindo socialmente – mais especificamente, 34 vezes mais.
Os cientistas observaram 2.570 formatos de cabeça ao avaliar vídeos de uma população de quatro belugas. Depois, eles validaram as informações com uma população de 51 belugas em um aquário, observando que elas demonstravam o mesmo comportamento. A pesquisa foi publicada no periódico Animal Cognition.
Eles separaram essas 2.570 expressões em cinco tipos de formato de cabeça essencialmente diferentes. São eles: 1. achatado, 2. levantado, 3. pressionado, 4. empurrado para frente e 5. balançando.
As belugas apresentam esses formatos específicos em interações sociais. Além disso, em 93,6% das vezes havia um outro indivíduo olhando para aquele que fazia a expressão, indicando uma possível forma de comunicação visual.
Os machos mudam o formato da cabeça com três vezes mais frequência que as fêmeas. A escolha varia com o contexto social: durante o cortejo, por exemplo, o movimento mais comum é o de balançar. Em interações que envolvem a boca (como morder), o formato projetado para frente foi o mais usado.
Não sabemos o que cada um desses formatos significa, ou mesmo o quão intencionais eles são. Uma hipótese é que eles poderiam funcionar como um reflexo (da mesma forma que você faz careta quando chupa um limão).
Ainda são necessárias mais pesquisas para confirmar que se trata de um tipo de comunicação visual – e, eventualmente, tentar desvendar o que esses sinais representam.