Cães evoluíram de duas populações distantes de lobos, aponta estudo
A teoria predominante concentrava essa ancestralidade na Ásia. Mas pesquisadores acharam genes de lobos mais ao Ocidente entre os cachorros atuais.
Há uma reviravolta nas teorias que explicam as origens dos cães domésticos. O consenso é de que esses animais de estimação vieram de uma evolução dos lobos-cinzentos (Canis lupus) mais mansos, que se adaptaram a viver junto aos seres humanos em troca de comida constante. Mas um novo estudo inglês descobriu que os cachorros tiveram uma evolução mais complexa do que se imaginava até agora.
Pesquisadores do Francis Crick Institute, um centro de pesquisa biomédica em Londres, revelaram em um artigo na Nature que os cães têm, pelo menos, mais um ancestral selvagem.
Os cientistas analisaram 72 genomas de lobos que viveram na Europa, Sibéria e América do Norte até 100 mil anos atrás. E então os comparou com genomas de cães primitivos e modernos. Assim, descobriram que, embora a ascendência de cães primitivos parecesse estar enraizada apenas em lobos-cinzentos da Ásia, há uma contribuição genética de outros animais: uma população de lobos mais ao Ocidente, identificada principalmente entre cães da África e do Oriente Médio, e em menor número em europeus.
O estudo ainda revelou que há genes dessa linha em todos os cães atuais, embora estejam mais presentes nos do Oriente Médio e da África, como a raça Basenji.
“Ainda não podemos dizer se houve dois eventos de domesticação independentes seguidos pela fusão dessas duas populações, ou se apenas um único processo, seguido pela mistura de lobos selvagens”, afirmou Anders Bergström, autor principal do estudo.
A ciência ainda não descobriu o local exato onde começou essa domesticação. O que se sabe é que o resultado desse processo, os cães, foram os primeiros animais de estimação dos humanos caçadores-coletores. E que esse convívio, cada vez mais amoroso, teve início num período estimado entre 15 mil e 30 mil anos atrás.