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Choque de asteroides na Terra triplicou nos últimos 300 milhões de anos

Uma colisão de grandes proporções no Cinturão de Asteroides teria causado o aumento no número de rochas espaciais que atingem a Terra e a Lua

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 18 jan 2019, 16h05 - Publicado em 18 jan 2019, 16h04

Em algum momento dos últimos 300 milhões de anos, duas pedras gigantes se chocaram no Cinturão de Asteroides, o grande anel de rochas espaciais localizado entre as órbitas de Marte e Júpiter. Essa colisão de dimensões titânicas resultou, provavelmente, em uma enorme coleção de fragmentos – que estavam, por azar, em rota de colisão com a Terra.

Essa é uma das explicações para a recente descoberta de que, neste mesmo período, a quantidade de asteroides que se chocam contra nosso planeta e a lua ficou três vezes maior do que no passado.

Em um estudo publicado na revista Science, uma equipe internacional de cientistas planetários investigou crateras para determinar com que frequência essas rochas colidiram com a Terra e com a Lua ao longo do tempo. 

O cálculo mostrou que esses choques não eram tão comuns: antes, só 1 vez a cada 3 milhões de anos caia um asteroide capaz de criar um buraco de, no mínimo, 10 km na superfície da Terra. Até que algo brutal aconteceu no espaço, triplicando esse ritmo – nos últimos 300 milênios, a média é de um asteroide potente caindo a cada milhão de anos no globo.

Isso faz dos dinossauros os animais mais azarados da história. Eles evoluíram justamente na época em que as chances do planeta ser atingido por um asteroide gigante estavam em escalada. E acabaram dizimados.

Era como uma bomba relógio, que estourou 66 milhões de anos atrás. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Rebecca Ghent, umas das autoras do artigo, destacou a surpresa provocada pela constatação. “Não havia nenhuma razão para pensar que a taxa poderia ser maior que no passado”, frisou a pesquisadora da Universidade de Toronto.

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Para conseguirem um panorama mais preciso do histórico de colisões ao longo das eras, os cientistas tiverem de recorrer a análises da superfície lunar. Por ser um corpo celeste sem atividade geológica nem intempéries climáticas, na Lua as crateras (e pegadas de astronauta) permanecem intactas até agora. E, como são muito próximos em termos astronômicos, nosso planeta e seu satélite natural são atingidos com a mesma frequência.

Os cientistas usaram dados de uma sonda da Nasa, a Lunar Reconaissance Orbiter, para estudar crateras de impacto. De acordo com o tamanho das rochas em torno dos buracos, é possível estimar quando a colisão ocorreu. Eventos mais recentes geram pedras maiores: com o passar do tempo, a ação de micrometeoritos vai quebrando essas rochas e as transforma em regolito, uma espécie de poeira. Foi assim que os cientistas puderam concluir que o bombardeio de asteroides foi muito mais intenso de 290 milhões de anos para cá do que no período anterior a essa data.

Resta saber se essa taxa continua crescendo, ou se já voltou a cair a níveis normais. Mas, mesmo que os reflexos daquele evento cataclísmico ocorrido no Cinturão de Asteroides ainda possam ser sentidos hoje, não há motivo para pânico. “Como grandes impactos já são por si só bem raros, mesmo dobrando ou triplicando a probabilidade eles o risco de algo assim ocorrer continua baixíssimo”, assegura Ghent.

Por via das dúvidas, é mais sensato manter em dia nossos programas de defesa planetária e detecção de asteroides, não é mesmo?

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