Cientistas criam impressora de pele humana artificial a partir de Lego
O equipamento usa os tijolinhos clássicos para imprimir, em 3D, tecidos complexos que imitam os do corpo. A ideia é facilitar pesquisas ligadas à saúde.
Esqueça os castelos e foguetes que você montava com os bloquinhos. Um grupo de cientistas subiu o nível da brincadeira e usou Lego para criar uma impressora 3D totalmente funcional que imprime uma pele humana artificial.
Os pesquisadores se basearam em impressoras 3D já existentes, que usam os blocos, e adaptaram para que, em vez de estruturas de plástico, pudessem imprimir material biológico.
A bioimpressora usa os tijolos clássicos da Lego junto de um minicomputador da variante Lego Mindstorms, voltada para a montagem e programação de robôs, e uma bomba de laboratório. O projeto custou 500 libras (cerca de R$ 3.100) para ser construído e foi um trabalho conjunto de engenheiros e biólogos.
Trabalhando camada por camada, a impressora já consegue replicar a estrutura 3D do tecido humano e criar um modelo de pele em escala real. “Ela também pode ser modificada para imprimir diferentes tipos de células, criando uma variedade de complexidades nas amostras de tecido”, escrevem os pesquisadores. “É uma excelente oportunidade para imitar a pele saudável e doente, olhar para os tratamentos existentes e projetar novas terapias para tratar várias doenças de pele.”
A ideia para a invenção surgiu de uma necessidade científica: conseguir amostras de tecido humano para pesquisas nem sempre é fácil. Geralmente obtidos por meio de doação de órgãos ou de tecidos removidos durante cirurgias, as amostras têm suprimento limitado – além disso, é difícil encontrar o tamanho e tipo adequados.
A bioimpressão 3D é uma solução potencial para esse problema. Segundo os pesquisadores, ela usa uma espécie de “biotinta” com células vivas em vez do cartucho tradicional de impressoras. É assim que ela forma as complexas estruturas do tecido biológico em três dimensões, também diferente das células cultivadas em placas bidimensionais. O resultado é mais adequado para pesquisas, pois replica com maior fidelidade um tecido humano.
A versão em Lego é uma forma acessível dessas máquinas, que costumam custar bem caro. “Poucas equipes de pesquisa, incluindo a nossa, podem esticar seus orçamentos para cobrir esse tipo de gasto, por mais inovadora que a tecnologia prometa ser”, afirmam os pesquisadores. “Isso nos levou a nos perguntar se poderíamos construir nossa própria bioimpressora 3D acessível.”
Os cientistas também forneceram, em seu estudo, detalhes de como construíram a impressora, com instruções de como reconstruí-la em qualquer laboratório – uma alternativa acessível a um equipamento útil, porém caro.
“Queremos simplesmente que nossa bioimpressora de Lego permita que os pesquisadores conduzam estudos inovadores, porque isso levará a uma melhor compreensão da biologia e melhorará ainda mais a saúde humana,” escrevem.