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Cientistas estão trabalhando para aposentar as vacinas com agulhas

Os testes com camundongos envolveram esticar a pele dos roedores e passar uma loção imunizante, que funcionou tão bem quanto as vacinas tradicionais.

Por Eduardo Lima
20 set 2025, 16h00

Você tem medo de agulha e lembra com nostalgia do Zé Gotinha? Temos uma boa notícia: um grupo de cientistas do King’s College de Londres, no Reino Unido, está desenvolvendo uma nova forma de aplicação tópica de vacina, só passando o imunizante na pele do paciente.

O segredo está em esticar a pele antes do contato com a vacina, como descobriu um estudo conduzido pelo professor de medicina farmacêutica Stuart Jones. A pesquisa usou amostras de pele de ratos e humanos para testar uma hipótese: arranhar a pele parece ajudar a ativar receptores que aumentam defesas imunológicas. Será que a esticar teria o mesmo efeito?

Nos testes com ratos, os pesquisadores descobriram que o aumento de células do sistema imune na área esticada pode possibilitar a troca de uma vacina injetada com agulha pela aplicação de um creme com a mesma dose de imunizante na região, sem prejuízo para a resposta imunológica.

A pesquisa, publicada no periódico Cell Reports, é pioneira no estudo dessa possível estratégia de imunização. Isso não significa que dá para chegar no posto de saúde semana que vem e recusar a agulha porque quer receber uma loção imunizante: muitos outros estudos e testes são necessários para validar a ideia.

Como funcionou o experimento?

Para fazer o teste com a vacina de aplicação tópica, os cientistas do Reino Unido usaram um dispositivo de sucção nas amostras de pele de camundongos e humanos por 20 minutos, aumentando a tensão do tecido epitelial até 6 newtons. A tensão normal da pele é de 1,5 newtons, e usar uma loção ou receber uma massagem aumenta essa força.

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Após a sucção, as peles ficaram esticadas por mais 15 minutos. Durante esse período, as células estromais, que dão suporte estrutural ao tecido epitelial, tiveram uma resposta inflamatória leve, o que ativou o sistema imunológico por ali. Além de levar células imunes pra região esticada, o processo também desencadeia mudanças na atividade dos genes que codificam as citocinas, proteínas mensageiras que organizam respostas imunes.

Depois de descobrir que o sistema imunológico reagia à pele ser esticada, os cientistas compararam, só nos ratos, o efeito de uma vacina normal contra o vírus influenza A do tipo H1N1, injetada com agulha, com a aplicação de uma loção que continha a mesma dose de imunizante na pele esticada, de forma que as nanopartículas da vacina pudessem entrar. A resposta imunológica dos camundongos foi bem parecida, independentemente da estratégia.

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A vacina tópica se mostrou eficaz com ou sem o uso de adjuvantes, substâncias que às vezes são usadas em imunizantes para estimular o sistema imunológico. O problema desses aditivos é que algumas pessoas podem ser alérgicas a eles. No caso da vacina em formato de creme, o ato de esticar a pele pode servir como adjuvante, sem nenhum risco de reação adversa.

Estudos futuros devem avaliar a ideia em humanos. Se, por um lado, a camada externa da pele dos Homo sapiens é mais grossa que a dos camundongos, o que pode dificultar a absorção, por outro, os folículos capilares humanos são maiores, o que pode abrir mais espaço para que a vacina entre no corpo, facilitando o processo.

Se a estratégia se mostrar promissora nesses testes, dá para imaginar a autoaplicação caseira de vacinas, mesmo para quem não tem nada a ver com a área da saúde. Tudo que seria necessário é um dispositivo de sucção para esticar a pele. Bye-bye, injeção.

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