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Cientistas podem ter descoberto planeta que orbita três estrelas ao mesmo tempo

A observação foi feita no sistema estelar GW Ori. Ele possui uma lacuna em seu disco de poeira e gás, que parece ter sido causada pela formação de planetas no espaço.

Por Carolina Fioratti
29 set 2021, 16h00

A Terra gira ao redor de uma única estrela, o Sol. Os outros planetas do sistema solar, como o nome já diz, acompanham a trajetória. Mas, claro, somos uma parte muito pequena do Universo. Exoplanetas que orbitam duas estrelas já foram identificados por cientistas e até representados na ficção, como Tatooine, terra de Luke Skywalker em Star Wars.

Até então, o registro destes sistemas binários era o mais longe que os pesquisadores já haviam chegado. A percepção, no entanto, pode estar prestes a mudar: astrônomos da Universidade de Nevada, nos EUA, podem ter encontrado um ou mais corpos celestes que giram ao redor de três estrelas, os chamados planetas circuntriplos. A possibilidade é descrita em um artigo científico publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Talvez você esteja se perguntando: como os pesquisadores “acham” que encontraram um planeta? Por enquanto, não há nenhum registro do corpo, mas sim uma grande hipótese elaborada a partir da observação do sistema estelar GW Ori, localizado a 1.300 anos-luz da Terra. Esse sistema tem três estrelas, mas essa nem é a informação mais importante. O fato intrigante está em seu disco de poeira e gás – ou melhor, discos, já que há uma lacuna dividindo-o em duas partes. O anel externo, inclusive, chama atenção por sua inclinação de 38 graus. 

O disco de poeira e gás é uma característica comum de sistemas estelares jovens que estão formando planetas, e os pesquisadores acreditam que o enorme corte entre os anéis seja o resultado do nascimento de um ou mais planetas naquele espaço. Os cientistas supõem que exista ali um gigante gasoso com a massa de Júpiter, que estaria em seu primeiro milhão de anos de existência. Se a informação for confirmada, estaremos diante do primeiro planeta conhecido a orbitar três estrelas.

Mas também há uma hipótese alternativa para a lacuna na nuvem de poeira e gás. Cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, sugerem que o torque gravitacional – grandeza física associada à rotação das estrelas – teria causado o rompimento do disco. Portanto, nada de planeta. Mas os pesquisadores americanos argumentam que não há evidências suficientes para defender essa ideia. Observações feitas nos próximos meses pelos telescópios ALMA e VLT, ambos no Chile, podem ajudar a solucionar o impasse.

Os cientistas buscaram outros possíveis sistemas em que poderia haver um planeta orbitando três estrelas. Eles encontraram o GG Tau A, a 450 anos-luz da Terra, mas ainda não estão totalmente convencidos sobre ele. Até agora, o GW Ori é o único sistema conhecido que parece sustentar o novo cenário. De toda forma, achados do tipo reforçam a hipótese de que a formação de planetas é algo comum, levando os cientistas a crer que eles podem surgir em qualquer tipo de sistema – basta procurar para ver. 

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