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Como a vida de Edwin Hubble pode inspirar a sua

"Equipado com seus 5 sentidos, o homem explora o universo ao redor dele e chama a aventura de ciência".

Por Salvador Nogueira
Atualizado em 9 abr 2017, 13h44 - Publicado em 7 abr 2017, 19h44

 

“Alargar os horizontes” nunca foi uma expressão tão literal quanto com Hubble. Ao apontar os telescópios para as profundezas do cosmos, tentando enxergar tão longe quanto possível, o astrônomo americano acabou revelando a natureza intrínseca do Universo, em meio a um processo de expansão que teria começado 13,8 bilhões de anos atrás.

Ao mesmo tempo que expandiu o domínio do conhecimento, Hubble duelava com as reflexões que dele advinham. E mantinha uma postura neutra, desapaixonada, evitando por completo possíveis conflitos entre versões míticas da origem do cosmos e o que a ciência podia já dizer a esse respeito. Nesse sentido, mostrou grande maturidade, e essa é uma lição que pode ser aplicada de forma geral.

Pensar e repensar seus próprios arredores, ampliando os horizontes, é um dos mecanismos mais básicos que o ser humano tem para poder conviver com seus semelhantes, respeitando as diferenças e a diversidade. Se nos fechamos no nosso quadradinho, a chance de criarmos vieses, preconceitos e pré-julgamentos se torna naturalmente maior. Somente nos permitindo a exposição ao diferente – o que, no caso de Hubble, correspondia precisamente ao longínquo – podemos adquirir uma nova apreciação do todo e, por isso mesmo, renovar a apreciação por nós mesmos, colocando-nos num contexto mais amplo da existência.

É uma reflexão que vale a pena fazer sempre que nos encontramos num aparente beco sem saída. Será que estamos vendo tudo que há para ser visto? Não há algo que nos escapa, pelo simples fato de que não levantamos os olhos? Não estamos fazendo um julgamento acerca do nosso mundo baseado numa visão míope, incapaz de olhar além dos próprios arredores?

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Além disso, vale lembrar com que disciplina Hubble se conduziu ao longo de sua vida. Longe de se perder por caminhos sinuosos, ele sempre teve um forte senso de dever, o que se mostra claro quando ele deixa Oxford para voltar aos Estados Unidos e cuidar da família, após a morte do pai, e novamente durante as duas guerras mundiais, em que Edwin se dispõe a servir seu país tão prontamente quanto possível.

Com efeito, foi esse mesmo senso de propósito que permitiu que ele realizasse seu intento e desenvolvesse uma carreira bem-sucedida na astronomia. Hubble em nenhum momento se viu perdendo tempo ao estudar direito ou ao aprender espanhol, mas sabia, no fundo, no fundo, que cedo ou tarde teria de se dedicar ao que o fascinava: o espaço clamava, e ele teve de atender ao chamado.

Essa também é uma lição importante: não devemos nos recusar a fazer aquilo que não nos realiza, pois, em muitos momentos, isso é de fato absolutamente necessário. Apresentar recusas e procrastinações constantes só nos leva à frustração, pois as tarefas indesejadas são tão constantes quanto inevitáveis.

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Contudo, isso não pode servir como argumento para que se abdique do sonho, sob pena de cair num círculo de “coitadismo” e raiva da vida. Hubble sabia que seria feliz na astronomia e, mesmo enquanto sua formação ainda estava inclinada ao direito, já publicava estudos a respeito.

O astrônomo americano entendeu como poucos a aventura da ciência, em que não se trata apenas de apreender o Universo, mas sobretudo se encantar com o desconhecido. Ao falar de ambições, em 1948, Hubble dizia à BBC de Londres sobre a “esperança de achar algo que não esperamos”, o que sintetiza bem a ideia. O charme da exploração não é confirmar uma visão de mundo previamente estabelecida, mas justamente desafiá-la. Levá-la ao ponto em que ela não mais se sustenta, assim induzindo o intelecto humano a se renovar e a buscar respostas diferentes e mais sofisticadas para velhas perguntas.

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