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Como são escolhidos os nomes dos furacões?

Milton, Katrina, Wilma, Ivan... entenda por que esses eventos catastróficos levam nome de gente.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 9 out 2024, 19h49 - Publicado em 9 out 2024, 19h00

O furacão Milton atinge o sul da Flórida na noite desta quarta-feira (9), já com o título de uma das tempestades mais intensas já vistas nos últimos 100 anos.

Milton chega duas semanas depois da passagem de Helene pela região, seis anos depois da devastação causada por Michael e 20 anos depois de Ivan. Katrina, Wilma, Irma e Maria foram outros furacões que passaram por territórios estadunidenses – e são memoráveis por causa de seus nomes. Mas quem são esses? E por que dar nome de humano para eventos catastróficos?

A estratégia de batizar furacões com nomes de gente, em vez de escolher nomes técnicos ou numerais, é uma forma de ajudar – e até mesmo impactar – na hora da divulgação do fenômeno. Dessa maneira, quando é necessário a emissão de alertas sobre o assunto, as pessoas se atentam mais e conseguem lembrar e absorver melhor o que está sendo informado. Pense que, caso os nomes fossem siglas aleatórias tipo F531, ficaria bem mais difícil chamar a atenção do público.

Como os nomes são escolhidos? 

O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC na sigla em inglês), criou em 1953 uma lista de nomes para batizar os fenômenos climáticos. Na época, só eram usados nomes femininos, porém, em 1979 o catálogo começou a incluir ambos os gêneros. 

Durante a temporada de furacões estadunidenses (junho a novembro), os nomes são distribuídos em ordem alfabética, ou seja, a primeira tempestade leva um apelido com a letra A, a segunda com B e assim por diante.

Desde que os nomes masculinos foram incluídos, seis listas oficiais passaram a ser usadas alternadamente para nomear as tempestades no Atlântico. Dessa forma, a cada fim de ciclo os nomes de seis anos atrás começam a ser usados novamente. Por exemplo, em 2024 Alberto foi o codinome do primeiro evento climático, e só será usado novamente em 2030. 

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Nem todos os nomes se transformam em grandes e icônicos furacões. Em 2024, Alberto foi apenas uma tempestade, enquanto Beryl foi primeiro furacão. Para se tornar um furacão oficialmente, os ciclones tropicais devem crescer e ganhar força, com seus ventos superando os 119 km/h.

Os nomes oficiais deste ano são: Alberto/ Beryl/ Chris/ Debby/ Ernesto/ Francine/ Gordon/ Helene/ Isaac/ Joyce/ Kirk/ Leslie/ Milton/ Nadine/ Oscar/ Patty/ Rafael/ Sara/ Valerie. Em negrito estão aqueles que mais receberam atenção, por seu impacto destrutivo.

Alguns nomes foram aposentados da rotação, por terem sido muito marcantes ou extremamente catastróficos. Os membros do conselho do NHC se reúnem em um comitê para votar se algum nome deve ser substituído. Foi o caso do nome Katrina, que saiu da lista depois de 2005, por ter ficado marcado na história como um dos piores furacões que já atingiu os Estados Unidos, registrando aproximadamente 1.500 mortes. O nome que entrou em uso no lugar foi “Katia”. 

De acordo com o Centro Nacional de Furacões, 94 nomes já foram trocados desde 1953.

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Caso aconteça da lista chegar ao fim e tempestades ainda estarem acontecendo naquele ano, existe uma lista suplementar que entra em vigor. Foi o que aconteceu em 2020, já que em setembro, pico da temporada, os nomes já haviam sido todos usados.

Meninas têm mais impacto que meninos?

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, revelou uma inquietante correlação entre o gênero dos nomes de furacões e o número de fatalidades que eles provocam. Publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, o trabalho analisou mais de seis décadas de dados sobre furacões que atingiram a costa americana, de 1950 a 2012, e constatou que furacões com nomes femininos são vistos como menos ameaçadores, levando a uma preparação inadequada e, consequentemente, a um maior número de vítimas.

A equipe, que incluiu Sharon Shavitt, professora de marketing na universidade e co-autora do estudo, observou que os nomes dos furacões são atribuídos de forma arbitrária, alternando entre masculinos e femininos. No entanto, a percepção de risco associada a esses nomes pode ser perigosa. “Se as pessoas que estão no caminho de uma tempestade severa estão avaliando o risco com base no nome do furacão, isso é potencialmente muito perigoso”, destacou Shavitt.

A pesquisa também incluiu uma série de experimentos que analisaram como a divisão dos nomes por gêneros influencia a percepção de intensidade das tempestades. Participantes que imaginaram estar na trajetória de furacões com nomes femininos, como “Furacão Alexandra” ou “Furacão Belle”, consideraram essas tempestades menos arriscadas do que aqueles que pensaram em furacões com nomes masculinos, como “Furacão Alexander” ou “Furacão Christopher”.

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Os pesquisadores alertam que essa tendência de minimizar o perigo de furacões com nomes femininos pode resultar em menos medidas de proteção por parte da população, tornando as pessoas mais vulneráveis. A análise sugere que mudar o nome de um furacão severo de “Charley” para “Eloise” poderia quase triplicar o número de mortes.

O estudo descobriu que, em média, cada furacão com nome masculino resulta em cerca de 15 mortes, enquanto aqueles com nomes femininos causam aproximadamente 42 fatalidades. Eles optaram por excluir do estudo os dados do furacão Katrina (2005) e do furacão Audrey (1957), pois essas tempestades foram significativamente mais mortais do que a média, e sua inclusão poderia distorcer os resultados da pesquisa.

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