Detector de matéria escura mais sensível do mundo é testado pela primeira vez
Parte da massa do Universo é uma entidade misteriosa conhecida como matéria escura. O experimento Lux-Zeplin, em uma antiga mina de ouro, pode ser a melhor aposta para detectá-la.
Neste momento, o lugar mais limpo da Terra é um enorme tanque de titânio, com 10 toneladas de xenônio líquido. Ele está dentro de outro tanque ainda maior, repleto de água. Tudo isso a um quilômetro da superfície – parte de um laboratório escondido em uma antiga mina de ouro da pequena Lead (Estados Unidos).
Trata-se do Lux-Zeplin (LZ), um detector que tolera só uma grama de poeira em seu interior. Toda essa pureza faz dele um aparelho ultra sensível que, como esperam os cientistas por trás do experimento, pode ser nossa melhor aposta para encontrar matéria escura.
Matéria escura é uma entidade misteriosa e invisível que compõe a maior parte da massa do Universo. Astrofísicos acreditam que a matéria escura exista porque ela exerce influência gravitacional. Mas não se sabe exatamente o que ela é… ou como encontrá-la. Um desafio e tanto.
O LZ é a tentativa mais recente de encontrar a matéria escura. O projeto internacional que durou cinco anos e US$ 60 milhões anunciou recentemente seus primeiros resultados. Por enquanto, o detector gerido pelo Lawrence Berkeley National Lab, da Universidade da Califórnia, não encontrou nada. Mas tudo bem: ele parece estar funcionando como esperado.
Eis a ideia por trás do experimento: neste laboratório, o tanque principal funciona como uma garrafa térmica, mantendo o xenônio (que é gasoso à temperatura ambiente) frio e líquido. Ali, ele também estaria protegido de todo tipo de radiação (que poderia sobrecarregar o aparelho) e de quaisquer partículas “normais”.
As partículas da matéria escura poderiam evitar todos os obstáculos até o interior do tanque, e, se uma delas atingisse um átomo de xenônio, este criaria uma pequena explosão de luz. Esta, por sua vez, seria flagrada por uma série de detectores, e suas propriedades poderiam então ser analisadas para determinar que tipo de partícula a gerou.
Há três meses em funcionamento, o aparelho mostrou ser o mais sensível já criado. Mas quais as reais chances dele encontrar essa matéria invisível? “[Uma chance] provavelmente inferior a 50%, mas superior a 10% ao fim do experimento”, afirmou Hugh Lippincott, físico e porta-voz do LZ, em uma coletiva de imprensa.
Bem, é preciso algum otimismo para se encontrar uma agulha (invisível) no palheiro.