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DNA prova que mulheres vikings também guerreavam

Novas evidências mostram que elas podiam, inclusive, ocupar altos cargos militares

Por Guilherme Eler
11 set 2017, 16h54

As corajosas donzelas de escudo aparecem em diversas histórias da mitologia nórdica. Assim como Lagertha, primeira esposa do lendário rei dinamarquês Ragnar Lodbrok, outras mulheres também teriam renegado uma vida pacata no lar para batalhar junto ao exército viking, mil anos atrás. Porém, apesar de restos mortais femininos já terem sido encontrados próximos a armamentos, não existia ainda um argumento científico que provasse a lenda.

Coube a um novo estudo, publicado no jornal American Journal of Physical Anthropology, revelar ao mundo a primeira prova consistente de que isso de fato acontecia. Analisando o DNA de um famoso túmulo viking, os pesquisadores descobriram que as mulheres não somente iam à guerra, como também podiam exercer funções militares estratégicas para o povo nórdico.

O túmulo em questão está na cidade Birka, na Suécia, e foi escavado ainda na década de 1880. Por lá, repousa o esqueleto de um bravo guerreiro viking, cercado por armamentos (como uma espada, lança, machado e flechas) dois escudos, peças para um jogo de tabuleiro e restos mortais de dois cavalos – provavelmente seus fiéis companheiros de batalha.

Todas essas honrarias, típicas para um soldado de alta patente da época, fizeram os arqueólogos simplesmente assumirem que os restos mortais pertenciam a um guerreiro homem – já que o contingente das tropas nórdicas, de fato, era essencialmente masculino.

O erro de gênero foi desfeito só agora, mais de 130 anos depois. Em 2016, os pesquisadores identificaram no esqueleto alguns traços femininos, como as características dos ossos das bochechas e do quadril – o que os fez apelar para a análise de DNA. Os resultados das amostras comprovaram as suspeitas: a ossada de fato pertencia a alguém com um par de cromossomos X.

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“As evidências indicam que ela era uma oficial, alguém que trabalhava com táticas e estratégias, apta a liderar as tropas nas batalhas”, explicou Charlotte Hedenstierna-Jonson, que liderou o estudo. “Ela tinha por volta dos 30 anos e cerca de 1,70 m”, completou, em entrevista ao The Local.

Isótopos de outros elementos químicos ainda apontam para mais um fato curioso. Segundo a equipe, a guerreira viking teria um estilo de vida nômade, morando em várias outras localidades até se estabelecer em Birka, já no fim da vida – o que casa bem com a trajetória de um guerreiro viking, sobretudo entre os séculos 8 e 10.

Somente em Birka existem cerca de 3 mil túmulos vikings – e um terço deles já foi explorado pelos arqueólogos. Para os cientistas, outras mulheres podem ter tido seu passado injustiçado, graças a generalizações. “Outros casos de mulheres que foram enterradas com armamentos podem ter sido mal interpretados, com os objetos sendo associados erroneamente a heranças, ou como símbolos do status social de suas famílias, em vez de serem encarados como parte da história delas”, defendem, no estudo.

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