E se a gente vivesse em Marte?
Não haveria raças diferentes, a fauna e a flora seriam menos diversificadas e nosso corpo seria coberto por pêlos.
O mundo seria um mundinho. Marte é bem menor do que a Terra. Para piorar, um oceano se estenderia por quase todo o hemisfério norte e um pedaço do sul – o planeta era assim há bilhões de anos, segundo um estudo da Universidade do Colorado. E só nessas condições poderíamos viver por lá, já que precisamos de água. No fim das contas, a área habitável equivaleria a 18% da superfície da Terra. Seria um sufoco dividir esse espaço. Para manter os padrões terráqueos – uma densidade de 13 habitantes por quilômetro quadrado -, somaríamos apenas 2 bilhões em Marte.
Para a vida se desenvolver, é preciso água, carbono e nitrogênio. Somando um planeta estável e luz solar, apareceriam as primeiras formas de vida. Em Marte, elas seriam parecidas (senão idênticas) às que surgiram na Terra. Teríamos, no entanto, fauna e flora pouco diversificadas. Um dos principais incentivos para a evolução é o isolamento de grupos da mesma espécie, o que leva um dos grupos a se diferenciar do outro com o tempo. Em um mundo de um só continente, essa separação não aconteceria. E novas espécies não surgiriam com tanta frequência. O resultado seria um planeta pobre em plantas e animais.
Haveria algumas diferenças importantes no nosso modo de vida. Faz mais frio em Marte do que na Terra. E a gravidade lá é só 1/3 da terráquea. Voar seria mais fácil: muitos animais desenvolveriam asas ao longo da evolução, e viajar de avião seria mais barato e prático. Para completar, se todo mundo vivesse tanto quanto hoje, a expectativa média seria de 35 anos. Calma, a gente não morreria mais cedo. É que um ano lá tem 668 dias marcianos, ou 687 dias terrestres.
Alô, alô, marciano
Um só povo
Marte teria um único continente cercado por oceanos (ou seja, seria um planeta azul, e não vermelho). Isso influenciaria o desenvolvimento da humanidade. Sem barreiras naturais, não haveria diferenças raciais e culturais na população. Seríamos parecidos e falaríamos a mesma língua em todo o planeta.
Pra onde tenha sol
Por causa da órbita de Marte e de sua inclinação em relação ao Sol, primavera e verão são mais longos no hemisfério norte do que no hemisfério sul. No norte, são 296 dias de frio glacial (contando outono e inverno). No sul, 372. Seria comum ver gente viajar de jatinho pra se bronzear no outro hemisfério.
Homo Tonyramus
A evolução é imprevisível, não dá para saber exatamente como seríamos. Mas provavelmente teríamos pelos grossos pra aguentar o friozinho. Como está mais distante do Sol, Marte recebe só metade da luz que temos na Terra. Já a gravidade menor ajudaria a manter seu bumbum durinho por mais tempo.
Corrida espacial
Marte não tem um satélite como a Lua, que protege a Terra de asteróides e regula sua velocidade e eixo de rotação. Perigo: Marte é mais vulnerável a extinções em massa. Precisaríamos buscar outros planetas para colonizar. Uma opção seria um planeta vizinho, o terceiro em distância do Sol, chamado Terra.
No, não temos bananas
Esqueça coco, jabuticaba, manga. Plantas de grande porte não nasceriam em um planeta com pouca luz, e muitas das nossas frutas (como a banana) dependem de clima tropical. Mas poderíamos cultivar legumes e verduras. E comer carne, principalmente de aves, já que elas existiriam em abundância.
Jogos Olímpicos
Marte tem o monte Olimpo. É a maior montanha do Sistema Solar: 22 quilômetros de altura. Desafio e tanto pra quem quisesse subir ao topo, mas a menor gravidade ajudaria. Em um mundo onde tudo é mais leve, teríamos mais estímulo para praticar esportes como alpinismo e voo livre.
Fontes: The World Factbook – CIA; Nasa; Nasa Astrobiology Institute; Planetary Society; Departamento de Geologia – Universidade do Colorado; ESA – Agência Espacial Europeia