Nem todas as espécies parecem merecer a mesma consideração dos movimentos ecológicos. Há alguns meses, o mundo acompanhou lance por lance a operação de salvamento de três baleias-cinzentas aprisionadas no gelo do oceano Ártico (SUPERINTERESSANTE n.º 1, ano 3). Elas fazem parte de uma família que esteve à beira da extinção no século passado, mas conseguiu sobreviver e multiplicar-se, a ponto de somar hoje algo como 20 mil espécimes. Em compensação, ninguém parece dar a devida atenção à sina das baleías-corcundas (Megaptera novaeangliae), reduzidas a cerca de 6 mil exemplares, de uma população original (na Antártida) de dezenas de milhares.
Embora protegida por acordos internacionais desde 1967. a baleia-corcunda desperta a cobiça dos pescadores clandestinos, interessados no óleo que ela fornece em quantidade bem maior do que as baleias de outras espécies. A baleia-corcunda recebe esse nome por causa de uma característica anatômica que permite identificá-la num relance: a corcova do seu dorso, bastante visível quando ela emerge para respirar. A baleia-corcunda também se destaca em relação às outras espécies por causa de seu canto. Captado a centenas de quilômetros, o som alcança um volume de 200 decibéis. o equivalente a uma turbina de avião a jato.