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Estudo descobre que microplástico é respirado até por golfinhos

Os animais estarão inalando os microplásticos quando vêm à superfície respirar. As amostras coletadas registram polímeros de garrafa PET, acrílico e poliéster.

Por Manuela Mourão
2 nov 2024, 10h00

Para o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), os microplásticos são partículas sólidas de plástico, de cinco milímetros ou menores. Pequenininhas desse jeito, são levadas pelo ar com uma facilidade imensa e por isso, já foram encontradas desde lugares remotos, como no topo do Monte Everest e no fundo do oceano. Agora, foram registradas também no ar exalado por golfinhos. 

Essas partículas estão se mostrando cada vez mais presentes nos corpos de seres vivos, por exemplo, em nós humanos, existem estudos que mostram traços delas na placenta, no leite materno, nos testículos e mais recentemente, no cérebro. Por isso, não é surpresa que estejam também presentes em organismos de animais, mesmos os marinhos. 

A descoberta foi publicada no jornal científico Plos One, sugerindo que mamíferos marinhos, especificamente os golfinhos, estariam inalando os microplásticos quando vinham à superfície para respirar. O time de pesquisadores ainda não sabe qual o impacto para saúde destes animais. 

Golfinhos costumam ser alvo de pesquisas sobre poluição ambiental, pois  estão presentes tanto em regiões remotas quanto em áreas altamente desenvolvidas ao redor do mundo. O que os torna “indicadores da exposição à poluição e a outros perigos ambientais,” escreve Hiroko Tabuchi, do New York Times.

Por isso, para este estudo foram coletadas amostras de 11 golfinhos-nariz-de-garrafa, de duas diferentes localizações: em Sarasota Bay, na Flórida e em uma área no interior da Louisiana, Barataria Bay. 

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Para a coleta, foi usado um espirômetro personalizado acima do “buraquinho” de cada golfinho durante a exalação – também coletaram amostras do ar ao redor para confirmar que o material capturado era realmente proveniente da exalação dos golfinhos e não apenas do ar ambiente.

Em todos os cetáceos era possível identificar as partículas.

As co-autoras Leslie B. Hart, pesquisadora ambiental do College of Charleston, e Miranda K. Dziobak, bioquímica da Universidade da Carolina do Sul, em uma entrevista ao PLOS ONE, disseram que “devido à sua grande capacidade pulmonar e à respiração profunda, estamos preocupadas que a inalação de microplásticos possa danificar seus pulmões.”

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Porém, esses plásticos estão relacionados com problemas de saúde como estresse oxidativo e inflamação em humanos e roedores, sendo por sua maioria causados pela ingestão das partículas, além de problemas de pulmão e traqueia – mesmo assim, existem poucas pesquisas sobre o efeito na vida animal, Hart diz ao jornal inglês The Guardian

O processo de identificação ocorreu por meio de microscópios. A equipe procurava por partículas com superfícies lisas, cores brilhantes ou formas fibrosas, dizem Hart e Dziobak escrevem para o The Conversation. Ao final, foram identificados 54 microplásticos nas exalações dos golfinhos.

Foto de uma fibra plástica microscópica.
(Miranda Dziobak / College of Charleston/Reprodução)
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“Não apenas descobrimos que muitos dos golfinhos estavam expostos a esses químicos, mas seus níveis eram mais altos do que os encontrados em humanos”, afirmam Hart e Dziobak na entrevista ao Plos One

Entre as amostras, foram encontrados polímeros (químicos que formam o plástico) como o tereftalato de polietileno, componente das garrafas PET, polimetilmetacrilato ou acrílico e poliéster, material usado para fazer algumas roupas que usamos e que se desprendem em quantidades enormes quando tecidos são lavados. 

“Esperamos que essas descobertas inspirem as pessoas a reduzir seu próprio consumo de plástico,” afirmam Hart e Dziobak na entrevista ao Plos One, “pela saúde delas mesmas e pela saúde dos golfinhos.”

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