Existe assento “mais seguro” em um avião? Uma empresa aérea tentou responder
Por meio de uma postagem no Twitter, uma companhia holandesa deu sua versão sobre a história. Mas a reação do público não foi das melhores.
As pessoas escolhem a localização de sua poltrona no avião por diversas razões: mais espaço para as pernas, proximidade à saída de emergência, distância de áreas movimentadas como a cabine e o banheiro, e por aí vai.
Agora, uma companhia aérea holandesa finalmente forneceu a única informação que realmente pode fazer a diferença. Qual é, afinal, o lugar mais seguro para sentar em caso de uma tragédia? A informação foi divulgada pelo Twitter, e continha a imagem de um assento solitário apoiado em uma nuvem com os dizeres: “Assentos na parte de trás de um avião são os mais seguros!”
Como era de se esperar, a ideia de uma companhia aérea falar sobre um possível acidente nos céus não pegou muito bem… ainda mais para aqueles clientes que compraram os assentos da frente.
O resultado da sinceridade em excesso apareceu em um aumento brutal na quantidade de interações no post. 12 horas depois, o tweet foi apagado e substituído por um pedido de desculpas, que dizia que o “post foi baseado em um dado de aviação publicamente disponível, e não é uma opinião do @KLM. Nunca foi nossa intenção ferir os sentimentos de ninguém”.
A postagem original dizia que usou informações baseadas em uma investigação conduzida pela revista americana Time em 2015 para dar a dica. A partir de números registrados no Banco de Dados de Acidentes de Aeronaves CSRTG da Federal Aviation Administration, o levantamento encontrou pequenas diferenças nas taxas de sobrevivência a depender da localização dos assentos. As poltronas mais ao fundo do avião tem um índice de fatalidade de 32%, as do meio 39% e as da frente, 38%.
O levantamento em questão, no entanto, levou em conta apenas 17 acidentes, acontecidos entre 1985 e 2000. Vale ressaltar que voar de avião é bastante seguro – tanto quanto andar de carro, inclusive. Por isso, acidentes são raros (hoje, ainda mais do que em 2000), e não há muito escopo para uma análise muito extensa.
Além disso, a autora do artigo da Time, à época, foi bem clara: “as chances de morrer em um acidente de avião têm menos a ver com o local onde você está sentado e mais a ver com as circunstâncias que cercam o acidente. Se a cauda da aeronave sofrer o impacto, os passageiros do meio ou da frente podem se sair melhor do que os da retaguarda. [No levantamento] descobrimos que a sobrevivência foi aleatória em vários acidentes – aqueles que pereceram foram espalhados irregularmente entre os sobreviventes. É por essa razão que a FAA [Federal Aviation Administration] e outros especialistas em segurança de companhias aéreas dizem que não há assento mais seguro em um avião.”
Em um e-mail enviado ao jornal The Washington Post, Lynn Lunsford, gerente de comunicações da FAA, comentou o caso. “Muitas pessoas tentaram e falharam em produzir uma resposta cientifica para essa questão”, disse ele. “Há muitas variáveis, e a mais importante é que tão poucos acidentes simplesmente não formulam algo estatisticamente defensável”.
Ou seja, não precisa se preocupar se você deixar tudo para a última hora e tiver que se contentar com a poltrona 2A. Mas caso a escolha vá servir para deixar os medrosos mais tranquilos, não custa comprar um assunto um pouquinho mais ao fundo. Paz de espírito, afinal, não tem preço – nem lugar.