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Fazendeiro encontra fóssil de nova espécie de pterossauro na Austrália

O H. peterseni se alimentava de animais marinhos e faz parte do mesmo grupo de répteis que habitaram o Brasil há milhões de anos, mostrou um novo estudo.

Por Bela Lobato
Atualizado em 13 jun 2024, 19h03 - Publicado em 13 jun 2024, 18h00

Cem milhões de anos atrás, durante o período Cretáceo, grande parte do que hoje é a Austrália estava debaixo d’água. O extinto Mar de Eromanga era o lar de uma infinidade de criaturas marinhas de todos os tamanhos. E, sobre elas, estavam as sombras das maiores criaturas voadoras daquele tempo: os pterossauros.

Agora, cientistas australianos identificaram uma nova espécie deste predador voador, com base em um fóssil surpreendentemente preservado.

Em novembro de 2021, um fazendeiro de abacates e curador de museu, Kevin Petersen, descobriu um esqueleto fossilizado perto de Richmond, na Austrália. A ossada até então desconhecida acabou sendo identificada como o fóssil de pterossauro mais completo encontrado no país.

Os ossos das mandíbulas, 43 dentes, costelas, partes de ambas as asas e um pedaço da perna encontrados correspondem a cerca de 22% do esqueleto do animal, que teria uma envergadura de quase 5 metros. Até então, só havia um fóssil de pterossauro na Austrália, do qual só foram encontrados 10% do esqueleto.

Pterossauros eram répteis pré-históricos que habitavam grande parte do mundo durante o Mesozoico. Apesar do nome confundir, eles não eram dinossauros, mas sim “primos” voadores destes gigantes terrestres. 

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A equipe liderada pela doutoranda Adele Pentland, da Universidade Curtin, identificou o novo espécime australiano como parte do gênero anhanguera, que é um grupo de pterossauros conhecido por ter vivido em todo o mundo, inclusive no nordeste do Brasil.

Apesar de já terem sido encontrados em todos os continentes, os fósseis de pterossauros são mais raros que os de outros répteis pré-históricos. Isso porque os seus ossos eram  ideais para a vida no ar: ocos e finos, mas muito frágeis para serem preservados por milhões de anos.

Esses répteis colocavam ovos em terra firme e voavam em busca de alimentos no mar, mais ou menos como uma ave marinha contemporânea. Com base no formato dos ossos da boca e da garganta do novo fóssil, os cientistas especulam que a espécie tinha uma língua grande e forte, ideal para capturar presas vivas e escorregadias como peixes, polvos e outros cefalópodes. 

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O fazendeiro Kevin Petersen foi quem encontrou e desenterrou o esqueleto, e a equipe de cientistas destacou o valor seu cuidado excepcional na conservação final do fóssil. “Kevin passou muitas horas preparando o fóssil de pterossauro. No entanto, quando perguntamos se ele gostaria de fazer parte da equipe de pesquisadores que estuda esse espécime, ele recusou educadamente, afirmando que estava feliz em simplesmente ser reconhecido por seus esforços”, explicou Pentland em um texto publicado por ela no site The Conversation.

A espécie foi nomeada Haliskia peterseni em homenagem ao fazendeiro. “Haliskia” deriva do grego antigo em que háls significa mar, e skiā significa sombra ou espírito maligno. No artigo publicado na Nature, os pesquisadores explicam: “[O Haliskia peterseni] era uma criatura voadora que projetava uma sombra sobre o mar, ou um fantasma que assombrava o extinto Mar de Eromanga.”

A cientista que coordenou a pesquisa ainda completa: “Kevin é a prova de que não é necessário ter um diploma para fazer contribuições significativas para a ciência e para o campo da paleontologia. É preciso dedicação e determinação – e é bom estar no lugar certo na hora certa.”

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