Finalmente teremos um emoji de DNA. Pena que ele está errado
Os cientistas estão muito bravos. Mas o que há de errado, afinal, com a versão virtual da molécula favorita de todo mundo?
A Unicode Consortium – organização americana sem fins lucrativos que, entre outras coisas, autoriza a criação de novos emojis – anunciou no começo de fevereiro 157 caracteres novos, que começarão a aparecer nos aplicativos na segunda metade de 2018. Eles são todos apresentados no vídeo abaixo.
Já adiantamos que o Brasil não ganhou uma versão virtual de sua gloriosa capivara (que desaforo). As reivindicações da comunidade científica internacional, por outro lado, foram ouvidas. Logo os usuários terão à disposição um jaleco, uma placa de petri, um tubo de ensaio e uma molécula de DNA.
Pena que o DNA está errado.
Olhe bem para a dita cuja. A dupla hélice está torcida no sentido anti-horário, e não horário. Você pode argumentar que é frescura, mas não é. Adam Rutherford, autor de divulgação científica e colunista do The Guardian, lembra do dia em que quis usar o fantoche vesgo e comilão de Vila Sésamo – o Come-Come, ou Cookie Monster – na capa de uma revista. Deixaram, mas com uma condição: o olho esquerdo sempre deve ser representado mais alto que o direito.
Os cientistas, que tanto lutaram pelo direito de enviar a célebre molécula por WhatsApp, logo manifestaram sua insatisfação com o resultado no Twitter. “AH, MEU, NÃO É TÃO DIFÍCIL ASSIM”, afirmou o revoltado abaixo.
Em, princípio nada impediria a existência de DNA “canhoto”. De fato, há um tipo raro de DNA, o Z-DNA, que gira para o lado oposto. Mas ele é a exceção da exceção, e sua função biológica nem sequer está estabelecida. Não tem choro nem vela – o emoji está errado. Todos os seres vivos da Terra, de um pé de arroz a um ser humano, compartilham um ancestral comum. E o código genético desse pequeno ser com jeito de bactéria, que viveu há uns 4 bilhões de anos, enrolava para a direita.
Se serve de consolo, porém, a Unicode só autoriza a criação de um emoji. A aparência final dele muda de aplicativo para aplicativo, e desenhá-lo é responsabilidade da empresa que quiser disponibilizá-lo para os usuários. Ou seja: o azulzinho ali em cima é só uma prévia. Apple, Facebook, Samsung e companhia ainda precisam fazer seus próprios DNAs.
Vamos torcer para que haja um cientista por perto nessa hora. Até julho, saberemos o resultado.