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Fóssil de larva de 500 milhões de anos é encontrado com cérebro preservado

Esse antepassado dos insetos tinha um cérebro complexo, nervos ligados a pernas e olhos e um sistema circulatório primitivo.

Por Eduardo Lima
1 ago 2024, 16h00

Qualquer fóssil de 500 milhões de anos atrás é motivo de alegria científica. Mas se o falecido em questão é um artrópode que morreu ainda estava no estágio larval, com o cérebro preservado, trata-se de algo excepcional: uma chance de entender a evolução do maior grupo de seres vivos na Terra, que inclui os insetos, aracnídeos e crustáceos. 

A espécie recém-descoberta foi batizada de Youti yuanshi, nome científico que combina as palavras em mandarim para “larva” (yòutǐ) e “primitiva” (yuánshǐ). A descoberta foi publicada na revista Nature na última quarta-feira, 31.

O fóssil do tamanho de um grão de areia pertenceu a um bichinho que vivia nos oceanos do período Cambriano, pouco após um importante evento de irradiação de espécies que encheu de animais um mundo antes majoritariamente populado por bactérias e outros seres microscópicos.

Apesar de suas dimensões modestas, os cientistas conseguiram identificar detalhes do cérebro do Youti yuanshi. Encontrar um artrópode (ou algum ancestral dos artrópodes) nos primeiros estágios de desenvolvimento é raríssimo, porque as larvas são pequenas e frágeis. Esse tesouro paleontológico pode ajudar a entender de onde vieram os cérebros relativamente complexos desses animais. 

Raio-x de fóssil

O fóssil foi recuperado na formação rochosa Yu’anshan, na província de Yunnan, no sudoeste da China. Ele foi escaneado com raio-x para criar imagens em 3D de suas estruturas internas, permitindo que os cientistas analisassem o fóssil sem destruí-lo.

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As imagens 3D do fóssil mostram seu cérebro, um sistema circulatório primitivo, e rastros de nervos nas pernas e olhos estruturas bem simples, mas que já cumpriam as funções desses membros.

Os pesquisadores não sabem exatamente quais eventualidades químicas permitiram que o animal fosse conservado. Em algum momento depois de sua morte, seus tecidos moles foram substituídos por fosfatos, preservando a larva em forma de mineral. A água provavelmente tinha altos níveis do elemento fósforo. 

A larva tinha uma região do cérebro que, mais tarde em seu crescimento, se tornaria o cerne de uma cabeça de artrópode mais especializada, com características como antenas e outros apêndices. Essas cabeças especializadas ajudam os artrópodes a se adaptar a estilos de vida diferentes.

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