Flávio Dieguez
A história é ótima. Começa na África, onde o arroz é infestado por um fungo que, apesar de ser uma praga, carrega uma virtude: bloqueia a circulação sangüínea dos gafanhotos e os leva à morte por sufocamento e inanição celular. Por muito tempo, o Brasil importou o fungo africano para combater os gafanhotos, que dão um prejuízo anual de 46 milhões de reais à lavoura brasileira. Em 1994, descobriu-se que o fungo também existia no Brasil e os cientistas aprenderam a aumentar a sua eficácia. Ele, até então, matava apenas um em cada dez gafanhotos que infestava. Mas os pesquisadores descobriram que, quando é borrifado junto com óleo sobre os gafanhotos, ele penetra mais facilmente na sua casca, que também é oleosa. “Além disso, pusemos protetor solar no borrifador”, diz Gilson Consenza, um dos autores da pesquisa. “O fungo suporta melhor o sol até entrar no corpo da vítima.” A eficiência do fungo subiu para 90% e, este ano, poderá até ser exportado para o Peru.