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Humanidade só observou 0,001% do oceano profundo, revela estudo.

Só existem imagens de pouco mais de 3,8 mil quilômetros quadrados do solo oceânico – uma área equivalente ao município de Diamantina (MG).

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 7 Maio 2025, 18h36 - Publicado em 7 Maio 2025, 18h00

Um ditado popular diz que conhecemos mais o espaço do que o oceano. Embora a frase seja equivocada – afinal, não há como comparar os bilhões de anos-luz do Universo com alguns milhares de quilômetros da Terra – a ideia faz sentido. Uma nova pesquisa publicada no periódico Science Advances revela o quão pouco já vimos do solo oceânico profundo: apenas 3.823 km2, ou 0,001% do total.

A área é pouco mais de um décimo do tamanho da Bélgica – ou, para os brasileiros, equivalente ao município de Diamantina, em Minas Gerais. Usando um outro método de análise, os pesquisadores chegaram a uma estimativa ainda mais baixa: cerca de 2.130 km2, ou uma área do tamanho de Palmas, no Tocantins.

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Ocean Discovery League, uma ONG que busca expandir o conhecimento sobre o oceano profundo – ou seja, regiões com mais de 200 metros de profundidade. Para chegar ao resultado, eles reuniram dados de aproximadamente 44 mil mergulhos realizados desde 1958.

A pesquisa se refere apenas a explorações em que obtiveram dados visuais do solo oceânico. Ou seja, em que os pesquisadores viram o que está por lá. Existem outras maneiras de conhecer o mar profundo, como com satélites que mapeiam a topografia do fundo oceânico. O que o estudo mostra é que as observações diretas são poucas.

Somado a isso, quase 30% dos das observações documentadas foram feitas antes dos anos 1980. A maioria das imagens são fotos em baixa resolução e em preto e branco, o que limita a compreensão do que existe lá embaixo.

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A pesquisa também revelou que 65% das observações foram feitas a menos de 200 milhas náuticas (370 km) da costa dos Estados Unidos, Japão e Nova Zelândia. Esse não é um valor aleatório: ele representa o limite das zonas econômicas exclusivas (ZEEs) dos países costeiros. É a região onde eles detém soberania nacional, tendo prioridade na utilização de recursos e gestão ambiental. No total, apenas 19% das expedições são feitas em águas internacionais.

Fotografia do mapa.
O mapa mostra as expedições ao oceano profundo entre 1958 e 2024. Elas se localizam principalmente nos EUA, Japão e Nova Zelândia (NOAA Ocean Exploration/Divulgação)

Estados Unidos, Japão e Nova Zelândia, junto com a França e Alemanha, conduziram 97,2% do total de expedições ao oceano profundo analisadas. “Quando apenas algumas poucas nações decidem o que e onde explorar, muitas outras são excluídas do processo, inclusive em suas próprias águas”, diz Katy Croff Bell, presidente da Ocean Discovery League e primeira autora do estudo, em entrevista à Super. “Acreditamos que é importante que outros países tenham acesso a explorar seu próprio mar profundo e tomar decisões sobre seus interesses”.

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Segundo os autores, o monitoramento visual é um dos métodos mais importantes para estudar o fundo do mar, junto com o mapeamento e coleta de amostras. A observação direta permite analisar comportamentos e interações da vida marinha.

“Imagine tentar contar a história de ambientes críticos como a savana africana ou a floresta amazônica usando apenas imagens de satélite e amostras de DNA sem nunca observar o que vive lá”, diz Bell. “Não seria uma visão completa”.

66% de todo o planeta é oceano profundo, mas 99,999% dele permanece desconhecido. O principal motivo para isso é o alto custo das explorações. “Precisamos expandir o acesso por meio de tecnologia de baixo custo, que seja fácil de usar, e mais treinamento para pessoas ao redor do mundo”, diz a pesquisadora.

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