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Legalizar maconha pode fazer mal para o meio ambiente

A maconha legal nos EUA já rende mais de 1 bilhão – mas cientistas estão preocupados com o impacto dessa nova indústria na natureza

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 fev 2017, 13h02 - Publicado em 22 fev 2017, 19h29

A legalização da maconha é um tema extremamente polêmico: as opiniões divergem sobre o impacto que a medida teria sobre a saúde pública, a economia e o tráfico de drogas. Mas um grupo de cientistas está questionando um lado não muito discutido sobre a cannabis: como a produção industrial da erva pode impactar o meio ambiente.

O artigo, assinado por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, e da Universidade de Lancaster, na Inglaterra, já entrega seu objetivo no título: “É tempo de avaliar o impacto ambiental do cultivo da maconha”. A publicação aponta que existem riscos ao meio ambiente que ninguém pensa antes de começar a produzir a planta.

Isso porque plantar maconha não é fácil. É uma planta que gosta de temperaturas altas e constantes para crescer – entre 25º e 30º C – além de exigir luz intensa, solo altamente fértil e muita água. Por tudo isso, nos estados em que é legalizada nos EUA, a maconha é plantada em ambientes fechados.

Os problemas mais óbvios apontados pelos pesquisadores são os altos gastos energéticos necessários para manter a plantação nessas condições tão específicas. É muita energia elétrica gasta no controle da luz e da temperatura – o artigo diz que a eletricidade necessária é comparável a de manter um data center gigantesco do Google. Irrigação é outra questão: plantas de cannabis precisam do dobro de água do que as uvas de um vinhedo, por exemplo.

Os cientistas apontam outros impactos que ainda não somos capazes de medir. O primeiro deles é o quanto de gases poluentes é emitido para produzir toda essa energia elétrica necessária para o cultivo. Outro ponto é que destino está sendo dado aos herbicidas, fungicidas e nutrientes usados para enriquecer o solo das plantações.

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A verdade é que não sabemos o tamanho desses riscos, porque as pesquisas para avaliar esses problemas só foram feitas em plantações ilegais de maconha. Assim, o manejo seguro das substâncias e o uso responsável da água e do solo nunca foram questões bem trabalhadas, porque não havia regulação.

O que os estudos existentes mostram é um cultivo extremamente poluente, com consequências desconhecidas para a saúde de quem fica o tempo todo dentro da estufa de cannabis. O que não se sabe é se esses riscos são inerentes ao cultivo da erva ou se podem ser mitigados por uma regulação responsável.

Esse é o objetivo final do artigo dos cientistas: mostrar aos governos a necessidade de encomendar e financiar novos estudos sobre a produção da maconha dentro das normas legais, para garantir que os problemas ambientais da ilegalidade não sejam herdados – e elevados à escala industrial – pelos produtores legais de maconha.

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