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Maior iceberg do mundo está preso numa “armadilha marítima”; entenda

O A23a é 2,5 vezes maior que São Paulo e entrou em mar aberto em 2023. Agora, está girando no mesmo lugar.

Por Bruno Carbinatto
22 ago 2024, 14h00
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  • Um grande iceberg sob o oceano.
     (Juergen Brand / Getty Images/Reprodução)

    Em 1986, o iceberg A23a nasceu após se desprender da Antártida. Por três décadas, esse colosso ficou praticamente parado, como uma ilha congelada com mais que o dobro do tamanho do município de São Paulo. Em 2020, começou a se mover lentamente; em novembro de 2023, ultrapassou a pontinha norte da Península Antártica e começou a marchar em direção ao mar aberto.

    Agora, o iceberg de 4 mil km² – o maior do mundo – foi pego numa espécie de armadilha oceânica, e está girando sem parar no mesmo lugar. Quando ele vai se libertar, porém, é um mistério. A atualização é do British Antarctic Survey, órgão britânico que pesquisa a região.

    Isso foi uma espécie de plot twist na história da geleira. Cientistas esperavam que o gigantesco bloco de gelo seguisse as correntes oceânicas em direção às águas mais quentes ao norte, onde se quebraria em pedaços menores e “morreria”. Mas no meio do caminho havia uma arapuca.

    O que é a “armadilha marítima”

    O A23a foi pego num fenômeno raro que cientistas chamam de coluna de Taylor, um vórtice que pode acontecer quando as correntes oceânicas passam por uma montanha que está no fundo do mar. 

    Esse tipo de coluna giratória foi descrita pela primeira vez no começo do século 20 por Geoffrey Ingram Taylor (daí o nome) e é um fenômeno bastante conhecido da física de fluídos. Resumindo bem, ele ocorre quando uma corrente encontra um obstáculo – no caso em questão, uma montanha submarina no assoalho oceânico.

    Dependendo de uma série de condições específicas, essa corrente pode se separar em dois fluxos distintos, que vão contornar o objeto que obstrui o caminho. Ao fazer isso, porém, esses fluxos criam um cilindro giratório acima do monte, que é reproduzido até a superfície. É nesse ponto que o iceberg está flutuando, girando com o vórtice abaixo dele, sem sair do lugar.

    Apesar de ser facilmente reproduzida em laboratório, colunas de Taylor desta proporção são raras e imprevisíveis. Na verdade, é a primeira vez na história que um iceberg tão grande fica preso em uma armadilha do tipo. 

    O que vai acontecer com o maior iceberg do mundo?

    Usando imagens de satélite, os pesquisadores notaram que o iceberg rodava pela primeira vez em abril. Desde então, ele não saiu do lugar – e não se sabe quando isso vai acontecer. Enquanto isso, vai derretendo aos pouquinhos.

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    Ele está nesse gira-gira próximo às Ilhas Órcades do Sul, que ficam 600 km ao nordeste da Península Antártica. Por dia, o blocão de gelo gira 15°, segundo o British Antarctic Survey (ou seja, dá uma volta completa em 24 dias).

    Espera-se que, em algum momento, o colosso de gelo se liberte da armadilha, já que correntes oceânicas possuem variações. Mas é impossível prever quando isso vai acontecer – pode ser questão de dias, meses, quem sabe anos. 

    Depois disso, espera-se que ele siga seu caminho em direção ao mar aberto e comece a se fragmentar. Cientistas, é claro, ficarão de olho no mamute de gelo enquanto isso – afinal, como vimos, ele pode surpreender.

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