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Mapa mais detalhado do cérebro de um camundongo inclui 5200 tipos de células

Esse mapa único pode aprofundar nosso entendimento da evolução do cérebro em mamíferos e o que acontece em certas condições neurológicas.

Por Leo Caparroz
27 mar 2023, 18h40

Camundongos são as cobaias prediletas da ciência. Por isso, vários estudos se dedicam a entender como esses bichinhos funcionam – e como podem nos ajudar a entender sobre nós mesmos. 

Outros grupos de pesquisa já haviam mapeado centenas de tipos de células no cérebro de camundongos. Contudo, em muitas das vezes, eles eram baseados em uma amostra relativamente pequena. Então, medindo a atividade de cerca de 20 mil genes em 4,1 milhões de células cerebrais de centenas de camundongos, uma equipe de cientistas criou o mais detalhado mapa celular do cérebro de um camundongo até agora.

“Um passo essencial para entender a função cerebral é obter uma lista de peças, ou seja, um catálogo de tipos de células do cérebro”, escrevem os pesquisadores em seu artigo. “Aqui, relatamos um atlas abrangente e de alta resolução para tipos de célula do cérebro de um camundongo adulto.”

Com base na atividade genética, os pesquisadores definiram 5200 tipos de células, das quais, 5 mil eram os habituais neurônios, que enviam impulsos elétricos através das diferentes áreas do cérebro.

No bolo dos 200 restantes estavam os astrócitos, células em formato de estrela que são responsáveis pela sustentação e nutrição dos neurônios, e os oligodendrócitos, que produzem a bainha de mielina no axônio, ajudando os neurônios a transmitir seus impulsos.

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A equipe depois comparou esses dados com fatias finas de células coletadas do cérebro de um camundongo. Esses pedaços continham informações sobre a localização dos tipos celulares, o que permitiu aos pesquisadores mapear onde cada tipo celular está alocado no cérebro.

Eles descobriram que, nos camundongos, a parte dorsal do cérebro, envolvida no raciocínio e no autocontrole, tem menos tipos de neurônios, mas eles são bem diferentes uns dos outros. Por outro lado, a parte ventral do cérebro, que mantém os processos corporais centrais e regula o apetite, é mais numerosa em tipos de neurônios, mas eles são mais parecidos entre si.

Tipos de células no cérebro de um rato, coloridas de acordo com seu tipo.
Representação dos tipos de células encontradas no cérebro de um camundongo, coloridas de acordo com seu tipo. (Cindy van Velthoven/Divulgação)
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Segundo os pesquisadores, isso sugere que a parte inferior do cérebro do camundongo foi mais fortemente conservada ao longo da evolução, porque manter os processos corporais é mais crítico para a sobrevivência de um animal do que regular o raciocínio e o autocontrole.

O novo mapa cerebral fornece informações sobre cerca de 10 vezes mais tipos de células do que os anteriores. Isso pode ser útil para fornecer novas informações sobre o funcionamento do cérebro humano e as particularidades de algumas condições médicas, como a demência.

“As células são as unidades funcionais do cérebro”, diz Hongkui Zeng, pesquisadora envolvida no estudo. “Este catálogo de células nos ajudará a identificar como os circuitos das células contribuem para o comportamento, aprendizado, emoção ou doença. Isso poderia nos ajudar a identificar células vulneráveis para o tratamento de doenças.”

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No entanto, como o mapa foi construído baseado em camundongos de uma linhagem endogâmica, em que os indivíduos mantêm relações consanguíneas e são geneticamente semelhantes, os pesquisadores dizem ser necessário mais trabalho para estabelecer como essas descobertas se traduzem em outros camundongos, e espécies de mamíferos, incluindo humanos.

O trabalho é basicamente uma lista de tipos celulares usados para construir um cérebro. Como esses tipos de células diferem ou se assemelham a de outras espécies animais pode ajudar a melhorar nossa compreensão da evolução do cérebro entre os mamíferos e nossa capacidade de transcrever pesquisas realizadas em animais para pessoas.

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