Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Muito além de Atlântida

Arqueólogos já não perdem tempo com a lenda do continente perdido. Estão bem mais interessados em ruínas de cidades que hoje estão debaixo d¿água, naufrágios históricos e cavernas alagadas

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 31 jul 2008, 22h00

Texto Mariana Sgarioni

Por mais que seu “escritório” seja uma imensidão azul, os arqueólogos subaquáticos passam boa parte do tempo em situações extremamente claustrofóbicas. Quando não estão se esgueirando nos destroços de um naufrágio, estão mergulhando numa caverna ou ficam horas literalmente enlatados em algum tipo de veículo submersível. Parecem coisas de aventureiro, não é verdade? Mas são “apenas” pesquisas científicas. Esse arqueólogo trabalha como qualquer outro, usando os mesmos conceitos e procedimentos adotados fora d’água. Com uma diferença: é preciso saber mergulhar.

Graças a essa fachada aventureira, arqueólogos subaquáticos freqüentemente são confundidos com caçadores de tesouros, piratas modernos que ganham a vida encontrando galeões naufragados e vendendo tudo que conseguem retirar deles. Para sorte do patrimônio histórico da humanidade, no entanto, o trabalho desses profissionais da arqueologia é outro: entender e preservar os incríveis sítios submersos que foram localizados nas últimas 5 ou 6 décadas. Eles já não se preocupam com a busca pelo mítico continente de Atlântida nem se dedicam apenas à exploração de naufrágios. Na verdade, quase sempre dão apoio às pesquisas levadas a cabo pelos colegas em terra firme. Exemplo: o carregamento de ânforas de um naufrágio fenício, ao ser descoberto no Mediterrâneo, pode ajudá-los a descobrir rotas comerciais da Antiguidade sobre as quais não se tinha notícia. Os dois ramos da ciência trabalham juntos – um no seco, o outro dentro d’água.

DE COUSTEAU AO TITANIC

Continua após a publicidade

Se por um lado o ambiente subaquático oferece riscos e impõe uma série de limites, por outro ele costuma ser garantia de descobertas espetaculares. A ausência do ar, temperaturas mais baixas e pouca ou nenhuma luz natural são fatores que colaboram para a preservação de muitos artefatos. Em compensação, é preciso ter extremo cuidado na hora de retirá-los da água. Submersos há dezenas, centenas ou milhares de anos, alguns deles podem simplesmente se desintegrar ao ser removidos. A coleta pode ser feita pelos próprios arqueólogos, manualmente, ou com a ajuda de equipamentos de última geração, como computadores de visualização e robôs comandados a distância.

Quem deu o pontapé inicial no desenvolvimento de equipamentos para a arqueologia subaquática foi o oceanógrafo francês Jacques Cousteau, em 1943, quando desenvolveu, com o engenheiro Emile Gagnan, a aparelhagem de respiração a partir do ar comprimido contido num cilindro. O Aqua-Lung (pulmão aquático), como foi batizado, permitiu aos arqueólogos investigar bem de perto o que antes eles só podiam imaginar. Desde então, cientistas vêm desenvolvendo as mais variadas técnicas para descer cada vez mais fundo. Hoje, há equipamentos que permitem investigações arqueológicas a mais de 6 mil metros de profundidade, como os desenvolvidos pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA. O Departamento de Pesquisas de Arqueologia em Águas Profundas daquela instituição especializou-se em inventar sensores, câmeras e robôs que levam a ciência a lugares onde a pressão é mortal e o homem jamais chegaria.

Um dos achados arqueológicos mais importantes dos últimos tempos foi feito justamente com a ajuda de um desses aparelhos. No mar Negro, fotos e vídeos trouxeram à tona vestígios de presença humana há mais de 7 mil anos (veja o mapa das págs. 50 e 51). Quem estava à frente da expedição era o oceanógrafo americano Robert Ballard, que, em 1985, tornou-se mundialmente conhecido por encontrar o naufrágio Titanic no Atlântico Norte. Para ele, a grande descoberta, quando acontece, tem o efeito de um nocaute. “É como levar dois socos em seguida, algo meio esquizofrênico”, diz o explorador. “No caso do Titanic, esse segundo soco veio no momento em que vi todos aqueles sapatos espalhados pelo interior do navio. Os corpos se vão, mas os sapatos continuam inteiros. Até em naufrágios romanos ainda é possível ver sandálias. São imagens emocionantes.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.