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Nanochip cura feridas e recupera órgãos usando células da pele

Técnica inédita é capaz de reprogramar células vivas – sem dor e em menos de um segundo

Por Guilherme Eler
7 ago 2017, 19h58

Cientistas da Universidade de Ohio, nos EUA, encontraram uma maneira de reprogramar células da pele para fazê-las funcionar como qualquer outra do corpo. A técnica, chamada de Tissue Nanotransfection (TNT), é capaz de regenerar veias, tecidos e até mesmo órgãos inteiros. 

Basta escolher o tipo de célula que se deseja criar e então posicionar o pequeno chip na pele da cobaia. O próximo passo é descarregar uma corrente elétrica bem em cima do dispositivo – a carga tem tensão tão baixa que o paciente nem chega a sentir direito. Pronto. As células agora têm nova função, e podem servir para reparar outra parte do corpo.

A técnica elimina a necessidade de se trabalhar com as famosas células-tronco pluripotentes. Esse tipo de célula-tronco é coletado em estágios iniciais de desenvolvimento, quando elas ainda não estão especializadas. Então, há o processo de reprogramá-las fora do corpo e depois devolvê-las já com a alteração – algo bem mais trabalhoso e caro que a TNT, que não é nada invasiva.

O novo método, que leva menos de um segundo, tem eficácia de 98%. As células reprogramadas não saem de dentro do paciente, como sempre estiveram – por isso não são detectadas como invasoras por seus glóbulos brancos.

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Aplicando essa técnica, os pesquisadores recuperaram uma perna de rato machucada, que sofria de má circulação. Para deixar o membro do roedor novo em folha, eles reprogramaram as células da pele em células vasculares. No prazo de sete dias, novas veias passaram a irrigar o membro ferido. O sangue, então, passou a fluir normalmente, curando a pata por completo já na segunda semana.

A técnica também foi bem-sucedida tratando um outro grupo de ratos, debilitados em decorrência de um derrame. Eles receberam com sucesso novas células nervosas e tiveram recuperação cerebral mais rápida. Os dois testes foram melhor descritos no estudo, publicado no periódico Nature Nanotechnology.

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“Nós demonstramos que a pele é uma terra fértil para que cresçam células de qualquer órgão que não esteja saudável”, explica Chandan Sen, um dos pesquisadores que conduziram o estudo. Com a técnica será possível, por exemplo, cultivar células nervosas – ou do estômago, do olho, e de onde mais for necessário – na pele da própria pessoa. Depois de reprogramadas, é só coletá-las e aplicá-las no lugar onde nasceram para ficar. Pode ser a solução para conter o avanço de doenças como Alzheimer e Parkinson, que promovem o rápido envelhecimento dos neurônios.

“O conceito é muito simples. Na verdade, nós ainda estamos surpresos de ter funcionado tão bem. Em meu laboratório, trabalhamos para entender por completo o mecanismo, e fazê-lo funcionar ainda melhor. Então, é apenas o começo, há mais para descobrir”. Segundo Sen, a ideia é iniciar os testes clínicos em humanos já no ano que vem.

Confira mais detalhes sobre a tecnologia neste vídeo:

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