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Nasa corre o risco de ficar sem acesso à Estação Espacial em 2020

Atrasos da SpaceX e da Boeing no programa de tripulação comercial podem comprometer gravemente as atividades científicas da agência na ISS.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 19 nov 2019, 18h20 - Publicado em 18 nov 2019, 19h44

No final de setembro, enquanto Elon Musk contava ao mundo feliz da vida as boas novas sobre o desenvolvimento de sua modernosa espaçonave cromada, o chefe da Nasa puxou a orelha dele no Twitter. Jim Bridenstine exigiu que o mesmo entusiasmo fosse dedicado ao projeto da cápsula financiada com recursos do contribuinte dos EUA para que o país possa voltar a lançar astronautas ao espaço de seu próprio solo. O tempo está passando — e até agora nem a SpaceX nem a Boeing conseguiram entregar seus veículos.

Já são mais de dois anos de atrasos no cronograma inicial do programa de tripulação comercial (CCP, na sigla em inglês), que previa o início dos voos tripulados nas cápsulas privadas Crew Dragon (SpaceX) e Starliner (Boeing) para 2017. Enquanto as duas companhias correm para superar os desafios técnicos e atender às rigorosas exigências de segurança para obter a certificação da Nasa, a agência se vê obrigada a seguir dependendo da boa vontade dos russos para levar seu pessoal até a ISS. E a carona não é nada barata.

Desde o fim da era dos ônibus espaciais, em 2011, só há um jeito de um astronauta chegar ao espaço: a bordo de uma nave Soyuz. Criada pelos soviéticos nos anos 60, ela não parou mais de voar, sobretudo nos últimos 20 anos, para suprir a Estação Espacial Internacional. Pelos 70 assentos que já comprou da Roscosmos, a agência espacial russa, a Nasa pagou em média US$ 55,4 milhões por cada um. O valor total chegou a US$ 3,9 bilhões de 2006 para cá. Já os contratos do CCP receberam até agora investimentos de US$ 5,5 bilhões.

É uma iniciativa que faz sentido: em vez de dar toda essa grana aos russos, ela é mantida nos EUA, ajudando a girar a economia e a desenvolver a indústria espacial do próprio país. Mas o programa está fora dos trilhos — e pode comprometer todo o planejamento de pesquisa na ISS em 2020. Segundo um relatório publicado na última quinta (14) pelo inspetor geral da agência, existe o risco concreto de a Nasa perder o acesso ao próprio módulo como consequência do atraso das duas companhias para concluir as cápsulas.

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Antevendo o início das missões comerciais, a Roscosmos optou por cortar o número de assentos disponíveis a partir de janeiro. Em vez de duas Soyuz por semestre, vai lançar só uma, reduzindo o número de tripulantes do normal de seis para três, sendo que a Nasa terá um único astronauta a bordo a partir do outono do ano que vem: Chris Cassidy. O texto destaca que, com menos braços em órbita, vai sobrar pouco tempo para fazer ciência.

Quase todo o tempo será alocado para operação e manutenção. Com três pessoas no módulo, cada um consegue tocar 11,67 horas de pesquisa e experimentos científicos por semana. Com uma, o número cai para 5,5 horas. “Tal redução pode prejudicar a habilidade da Nasa de estudar os riscos de saúde aos astronautas e de desenvolver as capacidades necessárias para missões de exploração no espaço profundo”, alertou o inspetor.

No cronograma oficial do CCP, a estimativa é que a certificação para a SpaceX saia em janeiro e, para a Boeing, em fevereiro. Mas, com as dificuldades que ainda estão sendo superadas em testes de sistemas de segurança no lançamento e de paraquedas, o relatório estima que essa etapa só seja alcançada por volta do meio de 2020. Só por via das dúvidas, o administrador da Nasa, Jim Bridenstine, enviou uma carta para a Roscosmos em outubro pedindo por dois assentos adicionais na Soyuz.

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