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Nem todo dinossauro gigante esmagava ossos como o T. rex

De trituradores de ossos a pescadores habilidosos, os carnívoros do passado tinham funções distintas nos ecossistemas.

Por Luiza Lopes
19 ago 2025, 16h05

Por décadas, a ideia de dinossauros carnívoros gigantes foi associada ao Tiranossauro rex, dono de mandíbulas capazes de esmagar ossos. Filmes e livros ajudaram a cristalizar o mito de que todos os predadores colossais do passado mordiam com a mesma potência. 

No entanto, um novo estudo publicado na revista Current Biology mostra que a realidade foi bem mais diversa: cada linhagem de terópode – o grupo de dinossauros bípedes carnívoros – desenvolveu seu próprio estilo de caça e alimentação.

A pesquisa, conduzida por paleontólogos da Universidade de Bristol, no Reino Unido, analisou crânios fossilizados de 18 espécies de terópodes. O time utilizou tomografias computadorizadas e modelagem em 3D para calcular a força da mordida e o estresse craniano que cada estrutura suportava – técnicas semelhantes às empregadas para testar a resistência de pontes.

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“Os dinossauros carnívoros seguiram caminhos muito diferentes à medida que evoluíram para gigantes em termos de biomecânica alimentar e possíveis comportamentos”, explicou o paleontólogo Andre Rowe em comunicado da Universidade de Bristol. Rowe é pesquisador da instituição e autor principal do estudo.

Segundo Rowe, o T. rex de fato possuía um crânio projetado para aplicar forças de mordida extraordinárias, comparáveis (ou até superiores) às de crocodilos modernos.

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Mas outros dinossauros enormes, como o Giganotosaurus, apresentavam padrões de estresse craniano que indicam mordidas relativamente mais leves. “Isso mostrou como a evolução pode produzir múltiplas ‘soluções’ para a vida como um bípede grande e carnívoro”, destacou o pesquisador.

Essa diversidade biomecânica sugere que ecossistemas do passado podiam sustentar diferentes formas de predadores gigantes sem que todos competissem pelos mesmos recursos. “Não havia um único ‘melhor’ desenho de crânio para ser um predador gigante; vários funcionavam perfeitamente bem”, afirmou Rowe.

Enquanto o T. rex apostava na força bruta, alguns terópodes se especializaram em técnicas diferentes. O Allosaurus, por exemplo, tinha mandíbulas mais adequadas para cortar e rasgar carne, em vez de esmagar ossos. 

“Eu costumo compará-lo a um dragão-de-komodo moderno em termos de estilo de alimentação”, disse o paleontólogo.

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O Giganotosaurus, que viveu na Patagônia há cerca de 98 milhões de anos, exibia um crânio longo e dentes serrilhados, comparados a “um cruzamento entre um grande tubarão branco e um dragão de Komodo”, disse o professor Eric Snively, da Universidade Estadual de Oklahoma, em entrevista ao site Earth.comCom essa anatomia, o Giganotosaurus arrancava grandes pedaços de carne de suas presas sem necessariamente triturar ossos.

Já o Spinosaurus, semiaquático, adotou uma estratégia distinta. Com focinho estreito, dentes cônicos e narinas posicionadas no alto do crânio, era especializado em capturar peixes. Snively o descreveu como “uma garça com corpo de salsicha e dentes de crocodilo”.

A mandíbula do T. Rex

Se havia tantas soluções evolutivas possíveis, por que o T. rex permaneceu como o exemplo mais extremo de mandíbula destruidora? Para a paleontóloga Fion Waisum Ma, do Museu de Pterossauros Beipiao da China, a resposta pode estar no ambiente em que ele viveu. 

Em entrevista ao Earth.com, ela ressaltou que o Cretáceo Superior, que ocorreu entre 100,5 e 66 milhões de anos atrás, foi um período de intensa competição predatória. Nesse contexto, uma mordida esmagadora garantia não apenas a captura da presa, mas também a defesa de carcaças e a possibilidade de aproveitar nutrientes dos ossos.

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Steve Brusatte, paleontólogo da Universidade de Edimburgo que não participou do estudo, também destacou o custo dessa adaptação em entrevista à BBC Science Focus.

“Os tiranossauros fizeram algo diferente”, disse Brusatte. “Eles aumentaram desproporcionalmente suas cabeças e desenvolveram forças de mordida enormes, capazes de quebrar ossos. Esse foi um estilo de vida arriscado e de alto estresse, já que colocava enorme pressão sobre os ossos e músculos do crânio.”

O estudo não apenas relativiza o mito hollywoodiano do T. rex, mas também mostra que o mundo dos dinossauros era ecologicamente mais complexo do que se supunha. Alguns predadores cortavam carne como grandes felinos, outros mordiam ossos como crocodilos, e outros ainda pescavam como garças.

Para Rowe, a pesquisa revela um aspecto fundamental da história evolutiva. “Essa diversidade biomecânica sugere que os ecossistemas dos dinossauros sustentavam uma gama mais ampla de ecologias de carnívoros gigantes do que costumamos supor, com menos competição e mais especialização”, concluiu.

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