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O cirurgião que faz milagre

Reconstruir o corpo humano é o trabalho do espanhol Pedro Cavadas. Em 2009, ele fez o primeiro transplante de rosto com mandíbula e língua do mundo. Agora vai ajudar um paciente a andar novamente - com um transplante de pernas também nunca antes realizado.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h51 - Publicado em 25 Maio 2011, 22h00

Marina Gonçalves

Por que fazer um transplante inédito como o de rosto?

O caso do meu paciente era muito grave. Ele havia perdido parte do lábio superior até o pomo de adão [após um acidente de carro]. Não tinha mandíbula nem língua, e os lábios estavam muito deformados. Havia feito 8 cirurgias em 10 anos, com pouco sucesso. Viveu todo esse tempo com um pano no rosto para não assustar as pessoas. Não podia comer nem falar.


Como foi a preparação para a cirurgia?

Durou 2 anos e meio. O paciente precisou fazer sessões com um psicólogo. Eu fiz testes em cadáveres e animais.

E a operação em si?

Começou com a extração do rosto do doador para depois implantá-lo no receptor. Isso levou 15 horas e meia. Aí, com técnicas de microcirurgia, enxertamos quase metade do rosto: nariz, boca, parte das bochechas e maxilar inferior. A segunda etapa foi reconstruir os nervos do rosto, artérias e veias. Também foram reconstituídos os dutos salivares e detalhes da boca e da língua, o que levou mais de 8 horas de operação.


Qual foi a parte mais difícil?

A mobilidade das pálpebras e o mecanismo de drenagem das lágrimas, além da proteção do glóbulo ocular. Também precisamos fazer uma operação menor antes da cirurgia para reconstruir nervos e dar sensibilidade e movimento à mandíbula e à língua.

Agora você está se preparando para realizar um transplante duplo de pernas, algo também inédito. Quais são os desafios de uma cirurgia pioneira como essa?

O transplante de pernas nunca foi feito porque a prótese é a mais indicada na maioria dos casos, e geralmente funciona muito bem. Mas este é um desafio novo: o paciente não tem pernas acima dos joelhos. Como a operação nunca foi feita, há pouca informação disponível e precisamos estudar com base em situações similares. [A cirurgia ainda não tem data prevista porque espera a aprovação do Ministério da Saúde espanhol, que autoriza procedimentos inéditos.]

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Dá para dizer que chegaremos ao ponto de reconstruir um ser humano inteiro?

Em um futuro próximo será muito mais frequente transplantar não só mãos ou braços, e sim todo o aparato locomotor. Já somos capazes de transferir cirurgicamente qualquer parte do corpo. Mas ainda falta avançar nos estudos sobre medicação e sistema imunológico, e principalmente em como evitar rejeições. A farmacologia ainda está muito atrás da técnica cirúrgica.

E como é sua rotina quando está fora da sala de cirurgia?

Atendo em meu consultório das 8h às 21h. Também costumo viajar ao Quênia para realizar atendimentos como voluntário. Lá faço cirurgias de reconstrução simples, na maioria em crianças com sequelas de queimaduras, tumores, fraturas, má-formação. Os adultos têm sequelas de agressão e disparos de armas. Desde que me formei – hoje tenho 45 anos – já fiz entre 12 mil e 14 mil cirurgias, o que dá mais de 4 por dia.

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