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O futuro – como ele será: espaço

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 1 out 2012, 22h00

Maurício Horta

ESPAÇO – 1988/agosto/ed. 11

Viver orbitando sobre a Terra não bastava para a recém-lançada SUPER. Ela queria saber como seriam viagens que levariam o homem além da Via Láctea a velocidades muito próximas à da luz. O que veríamos? A 10% da velocidade da luz, nossa massa começaria a aumentar. A partir de 23%, as estrelas mudariam de cor. A 80%, as linhas se deformariam. Só não poderíamos chegar aos 300 mil km/s porque, na velocidade da luz, o foguete teria uma massa infinita e se tornaria um buraco negro.

Para isso, só precisávamos de supercombustíveis. Raios solares refletidos por canhões. Hidrogênio captado do Universo e fundido em hélio, como no núcleo do Sol. Ou a fusão de matéria e antimatéria – capaz de gerar uma energia tão potente que “um foguete de 100 mil toneladas alcançaria a velocidade de 1 100 km/s em menos de 10,5 dias”.

Corta. A cena agora é julho de 2011. Atlantis, o último ônibus espacial em operação, retorna à Terra pela última vez. “A Guerra Fria foi vencida pelo capitalismo, mas quem consegue pôr hoje uma pessoa no espaço é a Russia. E a China. Quem diria”, diz o astrofísico João Steiner, que já ajudou a consertar a miopia do telescópio Hubble, a construir um dos mais importantes observatórios do planeta no Chile – e que escrevia uma coluna para a SUPER nos anos 90. Com a queda da URSS, os EUA e aliados abandonaram o projeto da Estação Espacial Freedom – projetada para rivalizar com a Mir -, uniram-se aos russos e, juntos, gastaram US$ 100 bilhões com a Estação Espacial Internacional (basicamente para que cientistas soviéticos não fossem parar em nações párias como a Coreia do Norte). Hoje, goste-se ou não dela, a estação é um elefante branco orbitando a 400 km de distância. Nas palavras da revista britânica The Economist: “uma ridícula mansão nos céus” que “produziu pouco ou nada de ciência útil”.

“O fato é que a opinião pública americana sempre apoiou muito as missões tripuladas. Era uma aventura”, diz Steiner. Isso aconteceu porque a corrida espacial pegou carona na competição entre os dois blocos geopolíticos da Guerra Fria. O resultado foi o financiamento relativamente fácil de projetos bilionários. O programa Apollo, que levou o homem à Lua, custou o equivalente a atuais US$ 175 bilhões de 1961 a 1972. Com o fim da Guerra Fria, a aventura deixou de ter um vilão, e o herói perdeu o sentido de existir. Tchau, financiamento. Com exceção da China, que declarou oficialmente em dezembro de 2011 a intenção de levar novamente o homem à Lua, a era da viagem espacial acabou.

O que dizer do nascimento dos primeiros humanos em Marte em 2050, conforme a SUPER em 1988? “A cada 12 meses, previsões desse tipo são atrasadas em um ano”, diz Steiner, rindo. E empresas como a Virgin Galactic, que oferece viagens espaciais suborbitais a 100 quilômetros de altitude? O bilhete da Virgin custa a partir de US$ 200 mil. Segundo a empresa, mais de 500 reservas já foram feitas.

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O espaço então já era? Não. Na verdade, o estudo dos astros tem produzido descobertas em ritmo crescente. O fato é que existem duas coisas diferentes: o homem no espaço e a ciência. Tirar uma pessoa da Terra e trazê-la de volta sã tem um custo extraordinário relacionado não à pesquisa científica, mas à manutenção de condições de sobrevivência. Não é necessário o homem no espaço para produzir conhecimento sobre os astros.

“Está vendo essas duas imagens?”, aponta Steiner para a tese de um orientando seu. Uma tem manchas embaçadas em preto e branco. Outra, manchas mais nítidas e coloridas. “A de cima foi feita pelo telescópio Hubble. A colorida, por um telescópio preso ao chão. Essas cores indicam movimento – o que o Hubble não informa.” O Soar, telescópio ao qual Steiner se referia, está plantado no deserto do Atacama e tem um par no Havaí, com o qual forma o Observatório Gemini. Usando uma série de lentes, espelhos e sensores, ele consegue corrigir as interferências da atmosfera terrestre sobre as imagens do espaço. E, assim, produz informação tão boa – ou melhor – que o Hubble, sem precisar orbitar a 570 quilômetros do chão.

O sucessor do Hubble
Enquanto isso, a Nasa entra em eventuais quedas de braço financeiras com o Congresso americano para conseguir construir e lançar o Telescópio Espacial James Webb, construído em colaboração com as agências espaciais da Europa e do Canadá com um custo previsto de US$ 8,8 bilhões.

Em comparação ao Hubble, o Webb é um salto incrível. Não apenas por ser maior (22 metros de comprimento por 12 metros de largura, contra 13,2 m por 4,2 m do Hubble) e mais distante (a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, o que significa que não receberá visita de missões tripuladas). Seu mérito está na capacidade de observar frequências infravermelhas, enquanto o Hubble se limita basicamente a ondas visíveis e às ultravioleta. Isso permitirá que ele veja galáxias em suas fases iniciais. Como? É quase simples. Da mesma forma que a música de um trio elétrico parece mais grave conforme ele se distancia, quanto mais longe um astro for, mais baixa será a frequência de luz que um telescópio observará – logo, mais em direção às ondas infravermelhas. E a imagem de um astro muito distante significa uma imagem de um passado também distante – afinal, a luz demora para viajar.

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De acordo com a Nasa, a capacidade de observar ondas infravermelhas permitirá ao Webb ver algumas das primeiras galáxias ou objetos luminosos que se formaram depois do Big Bang. Ao serem comparados com galáxias mais recentes, será possível entender mais sobre seu crescimento e evolução. Poderemos observar a formação de estrelas desde os primeiros estágios até a formação de sistemas planetários. E medir as propriedades físicas e químicas de sistemas planetares – o que permitirá investigar o potencial de vida neles.

Homem no espaço
Como seria – Os EUA e aliados colocariam em órbita em 1995 a estação espacial Freedom para pôr a Mir no chinelo.
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Como é – A Rússia se aliou aos EUA para desenvolver a Estação Espacial Internacional no lugar da Freedom.

Como será – Há pouco interesse em colonizar o espaço – exceto na China, que quer ser o segundo país a pisar na Lua.

Transporte no espaço
Como seria – Naves espaciais ganhariam novos combustíveis para atingir velocidades cada vez mais próximas à da luz.

Como é –
Os EUA aposentaram seus ônibus espaciais, e hoje só Rússia e China conseguem de enviar pessoas ao espaço.

Como será – Empresas privadas abrem o mercado de turismo suborbital e de carga para a Estação Espacial Internacional.

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Estudo do espaço
Como seria – O telescópio Hubble seria lançado e veria astros 350 vezes mais escuros do que os então conhecidos.

Como é – Telescópios no chão já produzem imagens tão boas quanto as do Hubble por um custo bem menor.

Como será – O Telescópio Espacial James Webb sucederá o Hubble e permitirá ver galáxias em seus estágios iniciais.

 

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O futuro como ele será: tecnologia
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