Como o ser humano ficará daqui a 100.000 anos?
Só mesmo imaginando. Os fatores envolvidos na evolução são tantos que é possível conceber inúmeras possibilidades para os anos 102.000

A seleção natural — que determina a sobrevivência dos mais saudáveis e mais bem adaptados — nos fez como somos hoje. “Mas esse processo não é o mais relevante para a raça humana”, disse à SUPER Meave Leakey, diretora do Museu Nacional do Quênia e uma das mais importantes paleontólogas da atualidade. Ela lembra que, com o avanço da Medicina, mesmo os portadores de doenças causadas por falhas genéticas sobrevivem. “Eles podem transferir seus genes defeituosos, aumentando o número de humanos com malformações”, diz Leakey.
Por outro lado, cresce a cada dia o controle que se tem sobre os genes e é até admissível pensar que, dentro de alguns milhares de anos, os indivíduos sejam “fabricados sob encomenda”, de acordo com as necessidades da sociedade. Aí, é impossível imaginar como serão.
Mas nem todos concordam com esse controle tão grande sobre a natureza. “Mudanças em fatores ambientais poderão forçar o aparecimento de características imprevisíveis”, diz o biólogo Walter Neves, da Universidade de São Paulo.
Já o paleontólogo Reinaldo Bertini, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro, acredita que o passado fornece pistas para fazer previsões. “Há algumas tendências morfológicas que poderiam se manter na evolução”, diz ele.
Para onde vamos
O paleontólogo Reinaldo Bertini (Unesp) calcula como será o humano daqui a 100 000 anos.
O crânio do Homo erectus, que viveu há 250.000 anos, era achatado e o cérebro, pequeno. A forma da boca deixava pouco espaço para a língua.
Hoje, o cérebro ocupa um espaço 50% maior. Uma mudança no maxilar abriu espaço para a língua, mas a arcada dentária diminuiu, espremendo o dente do siso.
Se a tendência for mantida, em 100.000 anos o crânio será mais pontudo e o dente do siso deve desaparecer. É provável também que o ser humano se torne mais esguio, como já vem acontecendo.