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Os fios da meada, neurônios

Sem eles, você não pode respirar, nem comer, nem, muito menos, pensar. São os neurônios, um tipo especial de célula que faz a cabeça funcionar.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 1 Maio 1998, 22h00

Xavier Bartaburu

Quem olha o cérebro com um microscópio percebe que ele é formado por uma enorme rede de fios muito finos, entrelaçados como um espaguete. Esta rede é tecida por bilhões de células nervosas, os neurônios. Sua tarefa é conduzir as mensagens dentro do cérebro e do sistema nervoso. Cada neurônio pode se ligar a até 20 000 outros. Ele faz isso por meio de um tentáculo, o axônio. As ligações se chamam sinapses.

Os neurônios já estão prontos no nascimento, mas as sinapses se formam com a experiência. Toda vez que um bebê reconhece o rosto da mãe, ele aciona uma seqüência específica, com milhares de sinapses. É na infância que cada neurônio aprende sua tarefa. Um conjunto deles ajuda você a enxergar, o outro controla os seus músculos e glândulas, um terceiro é acionado toda vez que você fala.

Ao contrário das demais células, o neurônio não se reproduz. Quando morre, adeus. E, como eles estão morrendo o tempo todo, a cada dia você tem menos neurônios. Por isso, é importante sempre exercitar o seu cérebro, criando novas conexões. Assim, a perda gradual das células do seu cérebro lhe causará menos transtornos.

 

ONDE A MENSAGEM É CAPTADA

O neurônio tem ramificações chamadas dendritos. Eles são dotados de receptores que acolhem as mensagens enviadas por outros neurônios, através de um enorme fio condutor, o axônio. Cada neurônio pode ter milhares de dendritos

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O CENTRO DE OPERAÇÕES

O núcleo do neurônio recebe milhões de minúsculos sinais elétricos provenientes dos dendritos. Esses sinais são então disparados para o axônio sob a forma de um grande e único impulso. O núcleo sintetiza as proteínas que mantêm a célula viva

 

CABO DE TRANSMISSÃO

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Na fase final, o axônio leva as mensagens para o próximo neurônio da cadeia. Cada neurônio possui apenas um axônio, que pode se ramificar pelo caminho. O axônio é revestido por uma substância branca chamada mielina, que atua como isolante e ao mesmo tempo como condutora dos impulsos elétricos

 

UM EMPURRÃO NO CAMINHO

Os nódulos de Ranvier são interrupções da bainha de mielina a intervalos regulares. Eles ajudam a propagar o sinal elétrico mais rapidamente, em uma velocidade que pode atingir até 400 km/h.

 

O MOMENTO MÁGICO

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É na sinapse que os neurônios se comunicam. Sem tocar o dendrito da outra célula, o axônio libera substâncias químicas chamadas neurotransmissores, que se encaixam em receptores no neurônio vizinho. Nessa fase, a transmissão elétrica dá lugar a uma reação química

 

NOVO CICLO

Os receptores do segundo neurônio, estimulados pelos neurotransmissores, emitem um impulso elétrico que se propaga pela célula. Recomeça a viagem, num ritmo que varia de 250 vezes por segundo até 2 500, com brevíssimos intervalos entre si

 

 

Como as drogas fundem sua cuca

Cigarro

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A nicotina se encaixa nos receptores destinados à acetilcolina, atenuando a fome e a fadiga e gerando uma leve sensação de euforia. Ela desempenha também o papel da dopamina, neurotransmissor associado à satisfação, e tem um efeito inibidor sobre o apetite.

 

Álcool

Age de modo destrutivo. Ataca diretamente o glutamato, um neurotransmissor envolvido em diversas funções, como o raciocínio e o movimento. Quando não destrói as moléculas de glutamato, o álcool provoca danos que dificultam o seu encaixe nos receptores. O efeito sobre o sistema nervoso é evidente.

 

Maconha

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A substância ativa da maconha (o tetra-hidrocanabinol ou THC) se encaixa nos receptores destinados à anandamida – um neurotransmissor que provoca euforia, alteração da memória, hipersensibilidade e um agradável estado de relaxamento e sonolência.

 

Cocaína

Provoca o aumento da produção de dopamina e de noradrenalina, substâncias químicas estimulantes. A dopamina cria uma sensação de satisfação e, em doses mais altas, de euforia. Os efeitos da cocaína são muito rápidos e intensos – sobretudo quando injetada nas veias – mas duram pouco.

 

Quem sabe é super

Se fôssemos contar todas as conexões entre neurônios que existem no cérebro, e gastássemos um segundo para cada conexão, levaríamos 32 milhões de anos para concluir a tarefa.

 

 

Tudo é química?

Você está mesmo vivendo uma paixão? Ou essa deliciosa mistura de euforia e sobressalto é apenas uma dose mais alta de dopamina agindo dentro do seu cérebro? Por trás dessas perguntas existe uma acalorada discussão entre os cientistas. Uma corrente argumenta que todas as nossas emoções e pensamentos podem ser reduzidos a uma base física.

Em resumo, aos genes e aos neurotransmissores. “Você, suas alegrias e tristezas, suas lembranças e ambições, seu senso de identidade e de livre arbítrio, tudo isso é apenas o resultado do comportamento dos seus neurônios”, prega o neurobiólogo inglês Francis Crick, que ganhou o Prêmio Nobel como um dos descobridores do DNA. Seu colega Stephen Rose contesta essa visão como “reducionista”. Nossa personalidade, segundo ele, é o resultado de uma rede complexa, em que entram a herança genética, a educação e ambiente. O que acontece nos neurônios seria apenas a expressão material dos conteúdos da mente. “Conhecer a composição química da tinta sobre um papel não significa compreender o significado do texto impresso”, afirma Rose.

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